No próximo dia 26, Campo Grande completa 118 anos. E para homenagear a Capital que é carinhosamente chamada de “Cidade Morena”, o JD1 Notícias preparou uma série de matérias especiais para contar um pouco de sua história e destacar seu crescimento durante os anos.
Para dar início a série, redundantemente falando, vamos “começar do começo”, de quando a então capital de Mato Grosso do Sul era apenas um grande campo. Mas um homem, um mineiro esperto, conseguiu ver além.
É bem pouco provável que José Antônio Pereira, lá por volta de 1872, pudesse imaginar que as terras nos campos da Vacaria daria uma bela cidade. E mais: que seria lembrado por ser o fundador dessa cidade chamada de Campo Grande e que mais tarde se tornaria a capital do estado de Mato Grosso do Sul.
Mesmo sem essas ambições, o mineiro se interessou pelas terras e formou uma pequena comitiva, composta por seu filho Antônio Luiz, os escravos João Ribeira e Manoel, e o sertanista Luiz Pinto Guimarães. A viagem foi longa, passando por Goiás, Rio Verde, Coxim, contornando o extremo norte da Serra de Maracaju e rumando para o sul, até Camapuã.
Foi aí que no meio do caminho, atravessando Campo Grande, José Antonio Pereira encontrou terras consideradas de ótima qualidade. No encontro dos dois córregos, que se chamariam Prosa e Segredo, foi que o mineiro decidiu se estabelecer e construir seu rancho.
Depois de se instalar, ele volta para Minas para buscar a família e trazer mantimentos, sementes de árvores frutíferas e animais. A segunda viagem é um pouco mais curta. De Monte Alegre, dirige-se para o sul, passando pelo povoado de Prata, indo mais além ao encontro de um caminho paralelo à margem direita do Rio Grande, divisa da Província de Minas com a de São Paulo, e que permitia chegar à de Mato Grosso, situada a oeste. Esse trajeto os leva até as margens do Rio Paranaíba - na época já havia uma balsa rudimentar, que possibilitava o transporte de carretas e animais.
No entanto, um surto de malária faz com que a comitiva permaneça alguns meses na região. É nessa época que José Antônio Pereira, com medo de que a doença leve algum de seus, faz a promessa de construir uma igreja para Santo Antônio.
Quando chegam a Campo Grande, José Antônio encontra a família de Manoel Vieira de Souza (Manoel Olivério), mineiro de Prata, que também havia sido atraído para estas “bandas” pelas notícias da Vacaria. As famílias se unem e originam a primeira geração de campo-grandenses.
No final de 1977, José Antônio Pereira cumpre a promessa que havia feito durante a viagem de retorno e constrói a primeira igrejinha, de Santo Antonio, rústica e de pau a pique, em homenagem ao seu santo de quem era devoto.
A partir de 1979 começaram a chegar novas caravanas de mineiros, que foram distribuídas pelas terras quase sempre sob orientação do fundador. Foi assim que se estabeleceram as primeiras fazendas do Arraial de Santo Antônio de Campo Grande.
As casas formaram a primeira rua, que se chamava Rua Velha, e hoje é a atual 26 de Agosto. No centro da rua, no comércio e farmácia, que pertenciam a Joaquim Vieira de Almeida, reuniam-se a alta sociedade do local. Era o homem que tinha maior instrução na vila e era o redator de documentos de caráter público ou privado. E eram resolvidos ali os problemas comunitários, de onde saíam as reivindicações ao governo.
Devido ao clima agradável e da localização privilegiada, a vila foi se desenvolvendo rapidamente e não demorou para que o Arraial de Santo Antônio de Campo Grande atraísse outros povos além dos mineiros. Vieram então habitantes de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Nordeste.
Depois de cansativas e insistentes reivindicações, o governo estadual decidiu emancipar a vila, que foi elevada à condição de município, passando a se chamar apenas Campo Grande em 26 de agosto de 1899.
Capital de Mato Grosso do Sul
A partir de 1930, Campo Grande, tendo em vista sua importância socioeconômica e política, concentra as discussões sobre a divisão do Estado. Os campo-grandenses objetivando apoio para o movimento divisionista, participam, ativamente, da Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas e da Revolução Constitucionalista de 1932, esta última é uma reação dos paulistas contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas.
Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar em Mato Grosso e um dos líderes da Revolução Constitucionalista, institui o Estado de Maracaju e nomeia Vespasiano Martins para governador. Este ato eleva Campo Grande à condição de capital político administrativa no novo Estado. A derrota dos constitucionalistas contribui para a extinção do Estado de Maracaju, conseqüentemente, Campo Grande perde o status de capital político administrativa.
Esta derrota não arrefece o ânimo dos campo-grandenses. Dois anos depois, em 1934, é criada em Campo Grande, a Liga Sul-Mato-Grossense, que inicialmente objetivava angariar apoio dos sul-mato-grossenses, para o manifesto que seria encaminhado ao Presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga coleta 13 mil assinaturas, com isso, ela visava também, sensibilizar o governo federal, particularmente, os Constituintes para que estes ao elaborarem a Nova Constituição, aprovassem a divisão de Mato Grosso.
Getúlio Vargas e os Constituintes não aprovam a divisão do Estado, mas os campo-grandenses se mantém fiéis ao movimento divisionista até 1977, quando o Presidente Ernesto Geisel promulga a Lei Complementar nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul e Campo Grande é elevada à condição de capital.
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