A esposa do governador de São Paulo João Doria (PSDB), Bia Doria declarou na quinta-feira (2) em entrevista à socialite Val Marchiori que não se deve doar marmitas para moradores de rua porque "as pessoas gostam de ficar na rua" e elas "têm que se conscientizar e sair dessa situação".
"Mas olha, falando dos projetos sociais, algo muito importante é assim: as pessoas que estão na rua, não é correto você chegar lá na rua e dar marmita e dar porque a pessoa tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua. Porque a rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua", afirma Bia Doria.
O vídeo da entrevista foi publicado em uma rede social e se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira (3). Inúmeras instituições divulgaram notas de repúdio sobre a fala da primeira-dama.
No vídeo, Val e Bia falam que moradores de rua resistem a procurar abrigos porque não querem ter responsabilidades. "Você estava me explicando e eu fiquei passada. Eles não querem sair da rua porque em um abrigo eles têm horário para entrar, eles têm responsabilidades, limpeza, e eles não querem né", diz Val.
Bia enmenda. "A pessoa quer, ela quer receber, ela quer a comida, ela quer roupa, ela quer uma ajuda e não quer ter responsabilidade. Então isso tá muito errado, porque se a gente quer viver num país."
Assista ao momento do vídeo:
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação do governo estadual esclarece que a fala de Bia "foi tirada do contexto" e diz que a intenção dela "é que as pessoas em situação de rua tenham acesso aos abrigos públicos, onde terão alimentação de qualidade dentro das normas de higiene da Vigilância Sanitária, e uma condição de vida mais digna. Ou mesmo nos Restaurantes Bom Prato, que recentemente decretaram gratuidade aos moradores de rua."
A pastoral de rua de São Paulo, representada pelo Padre Júlio Lancellotti, da Arquidiocese de São Paulo, disse que "vê com indignação e perplexidade o vídeo. "Opiniões desta natureza reforçam a violência, discriminação e preconceito que diariamente fere e humilha os que são relegados ao abandono e omissão do Estado. Tais declarações ferem a dignidade humana e são mais uma agressão aos que nas ruas não tem como se defender", diz a nota.
Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), disse em nota que a decisão de entregar ou não comida, roupas e dinheiro para as pessoas que estão nas ruas pedindo é individual e pessoal e que não cabe ao estado interferir. “O estado (governos) precisa oferecer vários serviços públicos, de saúde mental, moradia, geração de renda, qualificação para o mercado de trabalho, educação, assistência social, inclusive albergues e serviços de acolhimento que recebam as pessoas com seus animais (cães e gatos) e bens pessoais, que incluem os carrinhos dos catadores de materiais recicláveis. Essas ações evitariam que tantas pessoas estivessem nas ruas."
"Agora com a pandemia e aumento do desemprego e da falta de renda o número de pessoas nas ruas tem aumentado e o estado não tem tomado as ações necessárias, como convênios com hotéis de baixo custo para manter as pessoas hospedadas. Se não fossem as ONGs, igrejas e iniciativas individuais, com o fechamento dos comércios na quarentena, as pessoas em situação de rua estariam passando fome", afirmou.
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