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Opinião

A 'bolsa crack' e o combate à droga

11 maio 2013 - 00h00Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

O Cartão Recomeço, já apelidado “bolsa crack”, pelo qual o governo paulista destinará R$ 1350 mensais para tratamento e recuperação de viciados, poderá constituir um importante apoio no enfrentamento ao problema. Mas, para funcionar, não deve colocar o dinheiro nas mãos da família do paciente, evitando que venha a ser confundido com renda ou desviado de sua finalidade. Esse recurso precisa ser repassado diretamente do cofre público para entidades idôneas e permanentemente controladas e fiscalizadas na sua prestação dos serviços. Infelizmente, no país do “jeitinho”, programas sociais e humanitários podem se desvirtuar e seus recursos terem emprego indevido.

Mas é importante lembrar que não será o cartão e nem seus R$ 1350 mensais que irão resolver o vício da droga. A família ou quem se interesse pelo paciente têm de fazer a sua parte, apoiando-o e dando-lhe força. E a sociedade, pelo governo e órgãos representativos, também precisa atuar principalmente no combate ao tráfico, hoje uma poderosa indústria, que lucra altas somas às custas dos viciados que, não tendo como sustentar o vício, primeiro dilapidam os bens da família e depois partem para o crime, roubando, seqüestrando e até matando para conseguir o dinheiro da droga. É preciso libertar esses escravos do crime e dar combate sem trégua aos operadores e mantenedores do tráfico.

A tarefa é imensa e precisa do empenho geral. Já está provado que não basta a repressão policial, que acaba penalizando só os viciados. É preciso a ação de governo e o comprometimento do Congresso Nacional, para a produção de leis mais severas e contemporâneas em relação ao tráfico. A Lei de Execuções Penais, por exemplo, não deve facilitar a progressão aos traficantes. Além dos traficantes que “colocam a mão na droga”, há que se encontrar meios de também alcançar os financiadores do tráfico que, muitas das vezes nem tem contato com a mercadoria, mas garantem os recursos para a sua compra, transporte, partilha e venda ao consumidor. Esse traficante de colarinho branco tem que, de alguma forma, ser atingido, para que seu negócio deixe de oferecer altos rendimentos e cesse.

Só um trabalho integrado, com ações em todas as vertentes, seria capaz de devolver a tranquilidade à população. A simples internação do viciado e sua desintoxicação é apenas um paliativo se não for acompanhada de condições objetivas para que possa continuar sua vida sem voltar ao vício. Um curso profissionalizante é indispensável. E, além de sua oportunização para o trabalho e vida em sociedade, é fundamental a tomada de providências para evitar a oferta das drogas nos níveis que hoje ocorre. Sem uma grande ação social, humanitária e até policial, tudo será em vão, como enxugar gelo ou ensacar fumaça...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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