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Opinião

Você está atento ao que seu filho está comendo?

11 junho 2010 - 00h00Dra. Leila Dittmar
Dr Canela
Os casos de obesidade infantil têm aumentado assustadoramente nos últimos tempos, a ponto de profissionais da saúde envolvidos com a questão se deter a estudar sobre o assunto e constatarem que 10% da população infantil apresentam sobrepeso, sendo considerada hoje uma epidemia mundial. Atribui-se que a condescendência dos pais em alimentar seus filhos inadequadamente, se deve muito ao crédito dado ainda aos mitos de que “a criança gorda é sinal de saúde” ou “criança para crescer forte tem que comer muito”, e por isso exageram na quantidade ou deixam de priorizar qualidade do que eles ingerem o que além de nocivas à saúde, podem predispô-las a graves doenças como diabetes e hipertensão arterial. Por outro lado, a necessidade dos pais saírem para trabalhar, os obriga a buscar uma maior praticidade na sua rotina diária, o que implica uma mudança de hábitos menos saudáveis para os filhos, tais como: a substituição de alimentos caseiros por produtos prontos (fast food) e que somados à vida sedentária das crianças que hoje trocam as brincadeiras ao ar livre com boa movimentação, por programas de TV e jogos eletrônicos, que alteram drasticamente o estilo de vida das crianças, refletindo a sociedade industrializada em que vivemos. Segundo a médica Ana Beatriz B. Silva, autora de “Mentes Insaciáveis” a obesidade apesar de não ser classificada como um transtorno mental, ou seja, não ser considerada uma categoria diagnóstica dentro dos transtornos alimentares, caracteriza-se por perturbações no comportamento alimentar que são acompanhados por alterações patológicas associadas, necessitando às vezes de tratamento psiquiátrico. É importante lembrar que as crianças obesas já crescem sob pressão psicológica e sócio-cultural imposta pelo padrão estético de magreza que, além de desencadear discriminação social induzindo-as a sentimentos de rejeição, e que para se defenderem, passam a ter condutas de isolamento ou exibicionismo, refletindo suas dificuldades de relacionamentos que podem evoluir para problemas mais sérios na vida adulta, ou desenvolverem complicações clínicas ou doenças auto-imunes. Não podemos nos esquecer de que a alimentação do bebê é o código do seu relacionamento com o mundo e começa no útero materno através do cordão umbilical, época em que os primeiros contatos se realizam entre pais/ criança e podem ser registradas como informações de carinho ou de rejeição. Essas informações vão fornecer à criança as primeiras noções de relações afetivas e que resultarão na maneira como terão a imagem de si próprias e consequentemente a formação de sua auto-estima. No entanto, através de vivências diárias é que a criança vai tomar contato com as suas primeiras frustrações e é saudável que isso ocorra (recordando Freud), porque o mundo externo as gratificações já não vão estar disponíveis a todo instante como na vida uterina. E é muito importante que a criança vá se apropriando dessa nova realidade e que os pais possam fazer com ela essa transição, para que suas expectativas fracassadas de ter tudo a qualquer tempo, seja um processo normal da vida e aprender que a conquista dos nossos desejos, implica em esforço e algum tipo de sacrifício correspondente. Assim como a separação gradual dos pais (quarto/ saídas, viagens, escola) ou a chegada de um irmãozinho, podem representar situações de frustrações infantis, mas que são essenciais na vida, pois, e os pais não podem evitá-las, pois, fazem parte da natureza humana. Lembramos ainda, que as regras são fundamentais, necessárias e as exigências devem ser colocadas de forma afetuosa e em tom de capacitação, estimulando-a a sentir-se segura e fazendo-a compreender que é aceita e querida. Na nossa prática clínica, observamos que os adultos que sofrem de transtornos alimentares, além de possuírem uma auto-imagem negativa, costumam ser muito críticas, perfeccionistas e exigentes consigo mesma, mas, que menosprezam suas reais potencialidades. É bom recordar que a maior parte do que aprendemos é através do comportamento imitativo e que os pais representam modelos muito fortes na forma de agir e de se relacionar com os filhos. Apesar da formação dos diversos transtornos de comportamento, entre eles os alimentares serem influenciados por diferentes fatores: hereditários, sociais e culturais, uma criança muito ansiosa, com tendências auto-críticas, ao sofrer um estresse afetivo (separação dos pais), rompimento de um namoro na adolescência, poderá sofrer um processo de adoecimento do comportamento alimentar (ingerir grandes quantidades ou só alguns tipos de alimentos calóricos) ou auto-percepção negativa (recusa de ingerir qualquer tipo de alimentação). O importante é aprendermos que na convivência com nossos filhos, é uma grande fonte de aprendizagem onde vamos prepará-los para o mundo e não só para os nossos valores; e assim ensiná-los a lidar com os problemas por mais simples que pareçam, instilando-lhes confiança, autonomia de acordo com sua faixa etária, para a preservação da sua saúde mental.

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