"De fato, está difícil entender. Nós somos acostumados com mobilização com carro de som, com organização, com gente com quem negociar e liderança com quem negociar e poder fazer um tipo de acordo. Agora eles mesmo dizem 'nós não temos uma liderança, são múltiplas lideranças, nós não temos carro de som'. Não tem um comando, um comando único, e portanto se torna extremamente complexo o processo de compreensão, de entendimento e de multiplicidade das manifestações internas", afirmou o ministro.
"Seria muita pretensão achar que a gente compreende já o que está acontecendo. A primeira atitude de humildade é buscar entender a complexidade do que está ocorrendo", completou.
Para Carvalho, o fato de tantas pessoas terem aderido aos protestos em diversas cidades mostra que há uma "base material de descontentamento".
"Do ponto de vista do conteúdo [das manifestações] nós que estamos em funções de Parlamento e Executivo temos que estar atentos para entender o porquê de uma adesão tão ampla e massiva. Se há essa adesão, há uma base material de descontentamento, há uma base material que se expressa neste momento."
Carvalho ainda manifestou apoio pelo fato de as polícias militares no DF e em São Paulo não terem usado balas de borracha nas manifestações desta segunda. "O comportamento da PM em São Paulo ontem foi exemplar e adequado até o final. Aqui em Brasília aconteceu a mesma coisa. Houve um problema no sábado. Nós detectamos que houve uso da balas de borracha, que a nosso juízo não era necessário, e ontem todo processo foi de maneira adequada", disse o ministro se referindo à manifestação antes do jogo da seleção brasileira no sábado, quando a PM do DF dispersou os manifestantes fazendo uso de balas de borracha.
Reivindicações
Carvalho disse também que tem conversado com algum dos manifestantes e reconheceu que o transporte coletivo, um dos pontos reclamados nos protestos, necessita de melhoria. Ele afirmou ainda que o governo deve estar atento à questão da Copa do Mundo, já que muitos manifestantes defendem que o dinheiro usado para o torneio deveria ser investido em outras áreas do país.
"Na questão da mobilidade urbana nós realmente temos problema. A frota de ônibus de São Paulo é mais ou menos a mesma de 7, 8 anos atrás, com número muito maior de passageiros. Temos um problema grave no transporte aqui em Brasília. A questão da Copa. Nós temos que estar atentos. Os jovens me jogavam na cara ontem: 'O Mané Garrincha fica a 2km do Hran, um hospital aqui em Brasília. No Mané vocês gastaram R$ 1 bilhão e o Hran está cheio de problema.'"
Para o ministro, quem "se fechar" para o movimento dos protestos e para as reivindicações que estão sendo feitas vai andar na "contramão da História".
"Então se a gente não for sensível, se a gente se fechar a esse tipo de reivindiciação, nós vamos na contramão da História. Temos que estar sensíveis, temos que acompanhar, tentar entender e abrir canais de conversa, mesmo que mais complexos, mais difíceis, porque, insisto, são múltilplas expressões."Reportar Erro
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