Políticos e entidades reagiram neste domingo (3) à participação do presidente Jair Bolsonaro em mais um ato com pautas antidemocráticas e inconstitucionais.
Manifestantes se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto para pedir o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, além de defender uma "intervenção militar com Bolsonaro" e criticar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Sem máscara, Bolsonaro cumprimentou o grupo e ajudou a estender uma bandeira na rampa do Planalto.
Bolsonaro declarou, em fala transmitida nas redes sociais, que tem "as Forças Armadas ao lado do povo" e que "não vai aceitar mais interferência". Disse, ainda, que pede a "Deus que não tenhamos problemas nesta semana, porque chegamos no limite".
O presidente não explicou o que pretende fazer para evitar tais interferências ou qual seria o "limite" citado.
Autoridades também repudiaram a agressão de apoiadores do presidente a profissionais de imprensa que acompanhavam o ato. A equipe do jornal ‘'O Estado de São Paulo" foi atingida por chutes, murros, empurrões e rasteiras.
Além do "Estadão", houve agressão e ofensa a equipes da "Folha de S.Paulo", do jornal O Globo e do site "Poder360".
Leia, abaixo, as reações ao ato:
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
"Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror.
Minha solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde agredidos. Que a Justiça seja célere para punir esses criminosos.
No Brasil, infelizmente, lutamos contra o coronavírus e o vírus do extremismo, cujo pior efeito é ignorar a ciência e negar a realidade. O caminho será mais duro, mas a democracia e os brasileiros que querem paz vencerão."
Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal
"Lamento a informação inicial, que foi aqui trazida, de ter havido agressão a jornalistas num dia tão significativo para a imprensa como no dia de hoje. É inaceitável, é inexplicável que ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel de um profissional da imprensa é o papel que garante, a cada um de nós, poder ser livre.
Estamos portanto, quando falamos da liberdade de expressão e de imprensa, especificamente, no campo das liberdades, sem o qual não há respeito às dignidades. Não há dignidade na ausência de liberdade, e não há como se exercer a liberdade sem ser informado sobre aquilo que se passa à nossa volta, que nos diz respeito, que diz respeito a outro.
E este é um papel que a imprensa cumpre superiormente. Cumpre como disse, como é seu dever, mas cumpre para garantir um direito de cada um de nós. Daí a importância de estarmos, hoje, a falar na liberdade de imprensa.
[...] Jornalistas são agredidos, são assassinados, são o tempo todo mutilados nas suas funções, exatamente porque, ao oferecer as informações precisas que são necessárias para a informação de cada cidadão, para a responsabilidade da cidadania, para que cada um de nós possa ter acesso, a partir dessas informações, aos seus direitos e aos seus deveres.
Esse profissionais, para dar cobro a essa exigência da sua profissão, são, de uma forma inexplicável, agredidos. Agredidos às vezes por órgãos estatais, que querem o silêncio. E só quer o silêncio, quem não quer a democracia. Porque quem gosta de ditadura gosta de silêncio, mas a democracia é plural, é barulhenta, traz os ruídos que a pluralidade enseja."
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal
A agressão a cada jornalista é agressão à liberdade de expressão e agressão à própria democracia. Isso precisa ficar bem claro e tem que ser claramente repudiado.
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal
"As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade."
João Doria (PSDB), governador de São Paulo
"Milicianos ideológicos agridem covardemente profissionais de saúde num dia. Agridem profissionais de imprensa no outro. São criminosos que atacam a democracia e ferem o Estado de Direito. A Justiça precisa punir esses criminosos."
Camilo Santana (PT), governador do Ceará
"Aglomerações estimuladas pelo presidente em meio a uma gravíssima pandemia. Jornalistas agredidos no Dia da Liberdade de Imprensa. O Brasil vive tempos sombrios. Mas este é o momento em que mais precisamos ser fortes, para defender a vida e para lutar pela nossa democracia."
Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro
"Passamos dias e dias apelando às pessoas para ficarem em casa e cuidarem da saúde e o presidente segue acenando para as pessoas em aglomerações. Eu não sei onde o presidente quer chegar com isso. Mas cada vida perdida será responsabilidade dele. É um péssimo exemplo."
Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão
"Bolsonaro diz que quer um governo 'sem interferências', ou seja, uma ditadura. É da essência da tripartição funcional do Estado que os Poderes interfiram uns nos outros. Na verdade, Bolsonaro está com medo da delação de Moro e de ser obrigado a mostrar o exame do coronavírus."
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
“Os limites que existem são os da Constituição, e valem para todos, inclusive e sobretudo para o presidente. A única paciência que chegou ao fim, legitimamente e com razão, é a paciência da sociedade com um governante que negligencia suas obrigações, incita o caos e a desordem, em meio a uma crise sanitária e econômica.”
Deixe seu Comentário
Leia Também

Ultrassom médica de Bolsonaro é autorizada por Moraes após pedido da defesa

Campo Grande se junta a capitais do país em protestos contra o 'PL da Dosimetria'

"O Agente Secreto" lidera público entre lançamentos nacionais de 2025

Brasil prepara primeiro lançamento comercial de foguete a partir de Alcântara

Caso Benício: Justiça revoga habeas corpus de médica por morte de criança com adrenlina

Queda de árvore mata mulher em ponto de ônibus em Guarulhos

PF deflagra operação contra irregularidades em emendas parlamentares

Aprovado PL que estende por 15 anos ratificação de imóveis em faixas de fronteira

Governo garante remoção de servidores vítimas de violência doméstica homoafetiva







