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Cultura

Reforma em memorial foi recebida com festa pelos Terenas

27 março 2018 - 13h40Da redação com assessoria

Foi com a Dança da Ema – tradicional dança terena, que representa a vitória dos guerreiros – que os índios terenas da Aldeia Indígena Marçal de Souza, primeira e maior aldeia urbana do país, receberam de volta o Memorial da Cultura Indígena totalmente reformado.

Parado há cerca de cinco anos, o local que foi o maior sonho da cacique Enir Bezerra da Silva – primeira mulher cacique de Mato Grosso do Sul – estava abandonado e sem utilização. Com a parceria do Governo do Canadá, a Prefeitura de Campo, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Subsecretaria de Políticas Públicas para a Mulher e Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos promoveu a reforma e revitalização do local.

“Minha mãe, a Enir Bezerra foi a fundadora da comunidade e sonhou esse local. Por isso, a alegria de hoje estar aqui reinaugurando esse espaço, que ficou fechado por quase cinco anos. Voltamos a ter vida para o mundo. Desde 2001 quando foi inaugurado o Memorial da Cultura Indígena trabalhamos a manutenção da nossa cultura, mas aos poucos foi se acabando, e hoje estamos conseguindo reerguer. Graças a Prefeitura e a Embaixada do Canadá estamos recebendo o espaço todo revitalizado. Devolvendo a autoestima para o nosso povo”, disse o cacique Daniel da Silva.

O Canadá apoiou a revitalização com recursos do “Fundo Canadá para Iniciativas Locais”, que financia projetos em áreas prioritárias do país, como direitos humanos, diversidade e inclusão e empoderamento de comunidades indígenas e mulheres. O recurso de 35 mil dólares canadenses, que na época do repasse (outubro de 2017) correspondeu a cerca de R$ 80 mil, foi repassado diretamente para o Comitê Intertribal (organização não governamental), que foi quem geriu todo o valor.

O projeto também promoverá a reabertura do Bazar de Artesanato e a realização de cursos contínuos de Dança, Música e Artes Indígenas para todas as comunidades de Campo Grande. Haverá ainda a continuidade ao programa de qualificação da população indígena urbana do Município.

Para o prefeito Marquinhos Trad nada seria possível sem o apoio de todos os envolvidos, e principalmente, do Canadá.

“Nosso museu não teria como recepcionar os turistas da maneira como estava. Recebemos a ajuda do exterior – do Canadá, e hoje estamos devolvendo um pouco da historia, da cultura da etnia dos indígenas. Quando vimos a burocracia que seria revitalizar todo este espaço, em nível nacional, chegamos a conclusão que dificilmente nós conseguiríamos ainda na nossa gestão entregá-lo à nossa cidade. Não por falta de boa vontade dos governos, mas por entraves administrativos. Essa reforma que o senhor (Embaixador Riccardo Savone) nos trouxe, através de vários apelos, é o sinônimo de que quando as pessoas plantam a credibilidade e a honestidade colhem a rapidez e a eficiência”, disse.

O embaixador do Canadá Riccardo Savone contou ter ficado impressionado com a comunidade e se viu na obrigação de ajudar.

“Eu visitei aqui há um ano e conheci um pouco da aldeia, da vida dos indígenas e reconheci que eles têm a mesma vida que os indígenas do Canadá. Precisamos ter o mesmo cuidado com as comunidades tradicionais de lá, com as daqui do Brasil, com as do mundo inteiro. Quando vimos isso, percebemos que poderíamos ajudar. Temos um fundo pequeno, mas especifico para apoiar iniciativas nas comunidades. Nosso investimento aqui foi muito pequeno. A parceria é o que importa aqui”, afirmou o embaixador.

Mural do Memorial da Cultura Indígena

Como parte das atividades de revitalização, o Memorial da Cultura Indígena ganhou um mural com um pouco da sua história. A artista canadense Fanny Aishäa foi quem trabalhou o muralismo junto à comunidade.

“Eu tenho essa paixão de pintar e há muitos anos trabalho em escolas indígenas na região onde eu moro no Canadá. São projetos independentes feitos diretamente com a comunidade. Acredito muito na importância da juventude indígena, são pessoas que tem a responsabilidade de levar de volta a cultura. Eu procuro usar o meu trabalho como instrumento para eles afirmarem a própria identidade. O trabalho foi feito por eles. Eles escolheram as ideias, desenharam, eu só compartilhei um pouco do que sei”, disse.

História do Memorial

O Memorial da Cultura Indígena foi criado em 30 de agosto de 1999, como um centro de valorização e promoção das etnias presentes em Campo Grande. No período de 2012 a 2016 sofreu um processo de degradação. Em 1º de Janeiro de 2017, o Memorial foi transferido para a recém-criada Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, SECTUR. A Subsecretaria da Mulher, SEMMU, também ligada à Prefeitura Municipal de Campo Grande, passou a promover cursos de economia doméstica às mulheres da Aldeia Urbana Marçal de Souza.

A Aldeia Urbana Marçal de Souza, com 135 casas abriga, em Campo Grande, uma comunidade de índios Terena, sendo a primeira do gênero a ser construída no Brasil. O nome é uma homenagem ao índio Guarani Kaiowá, defensor dos direitos de seu povo, assassinado na Aldeia Campestre, no Sul do Estado, em 1983. A Aldeia Urbana surgiu pela força da liderança da índia Terena Enir Bezerra da Silva, a primeira cacique mulher do país, falecida em junho de 2016.

Mato Grosso do Sul possui a terceira maior população indígena do Brasil, com 77 mil índios, distribuída entre as etnias Guarani Kaiowá, Terena, Kadiwéu ou Guaicuru, Ofaié Xavante e Guató. Atualmente, vivem em Campo Grande 10 mil índios, em nove comunidades espalhadas pelo Município.

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