No inicio deste mês o governo de Mato Grosso do Sul proibiu o uso da linguagem neutra em escolas e documentos do Estado, o que gerou criticas dos que apóiam o uso da linguagem neutra e elogio dos que são contra sua aplicação.
Mas afinal, o que é linguagem neutra? O português não tem um gênero neutro, o que leva a uma língua que só tem o feminino e o masculino. Por conta disso, alguns viram a necessidade de se criar um português mais inclusivo, usando E, X e U para substituir o A e O de palavras, com o objetivo de “neutralizá-las”.
Para os defensores, uma linguagem neutra pode criar um ambiente inclusivo para todos. Já para os que são contra o uso, eles tem como base o argumento que uma mudança assim não pode ocorrer devido às origens do português, que vem do latim e não tem um neutro em seu vocabulário.
O JD1 conversou com o profissional na área da língua portuguesa, Carlos Leonardo Machado Xavier, de 39 anos, para tirar algumas dúvidas que acabam por ficar na cabeça do brasileiro sobre o uso de uma língua neutra e como ela afetaria o português que nós conhecemos hoje em dia.
Enquanto aos pontos a favor e contra, Carlos explicou que “a dificuldade de mudança não tem como causa principal o latim”, apontando o fato que o latim tinha sim um gênero neutro, mas que por conta de ser parecido com o masculino, durante a transição para português, somente o masculino e o feminino foram mantidos.
Para Carlos, o uso de E, X e U em palavras não é o suficiente pra “neutralizar toda vastidão do rico vocabulário da língua portuguesa”, o que só demonstra que tal mudança tem que ser muito bem pensada, analisada e bem estruturada.
“Seria preciso reestruturar diversos aspectos da morfologia e da sintaxe para que os falantes da língua portuguesa possam usar o pronome neutro.”, completou Carlos.
Quando perguntado se um dos principais fatores para o lento avanço da implementação poderia ser o preconceito, o professor nos respondeu que “os principais fatores para esse tema são aceitação e respeito”, e que ele crê que esse atraso não vem por conta de preconceito.
“Hoje devemos respeitar a opção de vida das pessoas. Se alguém não se vê em nenhum dos dois gêneros devemos respeitar.”
Ele ressalta ainda que para se mudar a língua portuguesa seria necessário que os usuários da língua aceitassem a mudança, e que caso essa mudança fosse imposta, isso seria “praticar o que os defensores do gênero neutro tanto condenam, impor a alguém a forma como o outro enxerga o mundo.”
Reportar ErroDeixe seu Comentário
Leia Também

Davi Brito erra plural de "limão" em programa de TV e viraliza nas redes sociais

De MS, advogado participa do XIII Fórum de Lisboa

MPF apresenta denúncia contra trio que enviava brasileiros ilegalmente para os EUA

TJ mantém prisão de guarda municipal acusado de roubo de celulares na Capital

Padaria da Liberdade: Com 1 milhão de pães doados, internos são "protagonistas da ressocialização"

Justiça nega liberdade a homem acusado de estupro em Água Clara

TJMS autoriza intimação por WhatsApp para garantir celeridade na proteção às mulheres

Músico que matou jornalista Vanessa vira réu em novo processo criminal por furto

TCE emite parecer pela reprovação das contas de 2023 da prefeitura de Ribas do Rio Pardo
