Dourados vive um “colapso” no setor de oncologia: as sessões de radioterapia estão interrompidas. Visando garantir a assistência à população, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP/MS) ingressou com uma tutela de urgência contra o Município e o Estado de MS. Caso a Justiça seja favorável ao MP, os denunciados terão o prazo de 24 horas para restabelecer o tratamento oncológico, sob pena de multa.
Na tutela, o MP pede o restabelecimento imediato dos tratamentos oncológicos de alta complexidade nas modalidades radioterapia e quimioterapia, o encaminhamento dos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a outras cidades com hospitais habilitados no setor de oncologia, como Campo Grande (MS), Presidente Prudente (SP), Barretos (SP), Cascavel (PR) e Maringá (PR), e a requisição administrativa do aparelho de radioterapia Acelerador Linear, para ser utilizado por no mínimo cinco horas diárias para o tratamento exclusivo de pacientes oncológicos com prescrição de radioterapia via SUS.
A assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que o Estado ainda não foi notificado oficialmente sobre a tutela, e que aguarda a intimação para “fazer a movimentação sobre as ações ao setor de Oncologia em Dourados”. Segundo a assessoria do MP, a Justiça deve tomar a decisão até o final de semana.
Histórico do "colapso"
Segundo o MP, houve falta de planejamento do Poder Público, que ignorou a ausência de capacidade do Hospital Evangélico de Dourados que, sozinho, cumpria todas as etapas de tratamento oncológico dos pacientes da cidade e região. O Hospital nunca teve a estrutura necessária para a assistência médica integral aos pacientes, especialmente nas sessões de quimioterapia e radioterapia. Por isso, terceirizava os serviços ao Centro de Tratamento de Câncer de Dourados (CTCD) desde 1999, quando foi firmado um contrato entre o HE e a entidade.
No entanto, o CTCD não é vinculado ao SUS. Somente o Hospital Evangélico sempre foi o único habilitado no SUS para a prestação de serviços em Oncologia, e por isso recebia do Fundo Municipal de Saúde recursos para tal. Segundo o MP, a pactuação obrigava o HE a repassar ao CTCD, mensalmente, 90% dos repasses mensais recebidos pelo Fundo para o tratamento em alta complexidade de Oncologia. Por terceirizar seu credenciamento junto ao SUS e juntos aos planos de saúde, o HE cobrava do CTCD o percentual de 10% sobre toda a produção.
Ainda de acordo com o MP, o HE sempre atrasou os repasses, e há cerca de um ano houve um aumento na frequência dos atrasos. Assim, o CTCD ficou endividado, e não conseguiu continuar a prestação dos serviços oncológicos. Com isso, houve a paralisação de aplicação de medicamentos e de sessões de quimioterapia e radioterapia em Dourados.
Devido a desentendimentos, houve o encerramento da parceria, e o Hospital Evangélico ficou unicamente responsável pela Oncologia. Contudo, as duas entidades “brigam” judicialmente sobre a ocupação do imóvel onde hoje está o CTCD e sobre a propriedade do aparelho de radioterapia, único em Dourados, localizado no CTCD. Por causa disso, as sessões de radioterapia em Dourados estão interrompidas, inclusive com bloqueios de novos agendamentos, o que prejudicou diversos pacientes que precisam iniciar seus tratamentos com urgência.
Deixe seu Comentário
Leia Também

Governo lança sistema que permite autoexclusão em sites de apostas

Corretor briga na Justiça por comissão em venda de fazenda de R$ 9 milhões em Cassilândia

"Iminente colapso", diz Defensoria em alerta sobre a saúde pública de Campo Grande

Casal que se dizia da Caixa é condenado por golpe que causou prejuízo de R$ 15 mi em MS

Em 2026, Justiça Estadual terá mais de 30 dias sem expediente; veja o calendário

Prefeitura obtém liminar e livra servidores da "folha secreta" do imposto de renda

Juiz manda a júri popular acusado de matar PM aposentado e o neto no bairro Moreninhas

Presença da Fiems marca discussões sobre futuro da citricultura em MS

Horóscopo do dia - Veja a previsão para o seu signo 12/12/2025







