"Vencemos apenas a primeira batalha", diz Alcina Reis sobre Hospital do Câncer

A jornalista Alcina Reis (Reprodução)

Depois de mobilizar a sociedade, a imprensa e autoridades locais sobre o possível fechamento da unidade do Hospital de Câncer de Barretos em Campo Grande por falta de recursos, a jornalista Alcina Reis comemorou o convênio firmado com a prefeitura na última sexta-feira (1º).

“Essa é a primeira vitória de uma série de batalhas que temos pela frente, pois sem o repasse municipal que vai cobrir 15% da receita do hospital, não seria possível ir à busca de outros convênios. Sendo assim, foi dado o primeiro passo para mais batalhas que virão pela frente. Essa vitória é de toda a população do Mato Grosso do Sul, que se uniu pelo risco do hospital fechar. Agora conseguimos respirar com uma nova realidade”.

A unidade, que tem um déficit mensal de R$ 350 mil reais por mês e que vive exclusivamente de doações. Até o momento, não havia sido conveniada pela prefeitura. Agora, o convênio com o Executivo Municipal vai oferecer R$ 50 mil para auxiliar nestes custeios.

“Não é o suficiente, mas é o começo. E vou continuar denunciando não só as questões relacionadas ao Hospital de Câncer de Barretos, mas todas as injustiças sociais, como tenho feito nesses cinco anos de trabalho social. Não é de hoje que falo sobre as dificuldades do Hospital do Câncer de Barretos, mas as pessoas não querem ouvir. Até o último dia, nenhum político havia se posicionado em defesa do hospital. Depois do fato público, muitos apareceram, uns para ajudar e outros para se autopromover. Um dos maiores apoios que tivemos foi da promotora Filomena Fluminhan”, declaro Alcina.

A jornalista ainda aproveitou para rebater as falas do presidente do Conselho Municipal de Saúde, Sebastião de Campos Arinos Júnior, durante a coletiva de imprensa na última sexta-feira (1). “Ele disse que o pedido de credenciamento foi feito a prefeitura há um mês, mas na verdade foi feito no começo de 2014, quando houve o credenciamento voluntário da unidade pelo município. Foi feito há mais de dois anos!”, afirmou.

Denúncia

Depois de muitas idas e voltas, na quarta-feira (29), uma reunião entre o Conselho Municipal de Saúde, Promotoria de Justiça da Saúde, e representantes da Saúde de Campo Grande e Mato Grosso do Sul, discutiram a crise pela qual passa o Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos.

A questão que envolve o credenciamento da unidade do Hospital de Câncer de Barretos em Campo Grande foi retirada da pauta de discussão, e o coordenador da Mesa Diretora do Conselho, Sebastião de Campos Arinos Júnior, alegou que a medida, aprovada pela maioria do Conselho, foi tomada porque o parecer que a Comissão fez não deixava muito claro como o trabalho seria feito na Rede Municipal.

Polêmicas e repercussão

Imediatamente após a reunião, Alcina Reis foi procurada por diversos meios de Comunicação para passar a verdadeira situação da unidade do Hospital de Câncer de Barretos em Campo Grande.

Depois de Alcina Reis mobilizar a sociedade a partir de uma entrevista na Rádio Difusora Pantanal, toda a Imprensa se interessou pelo assunto, assim como alguns deputados estaduais que até então não tinham feito nada para auxiliar na questão.

O governador Reinaldo Azambuja, também resolveu tomar providências, e esteve em Barretos, para visitar o Hospital de Câncer da cidade.

Decisão favorável

Na sexta-feira (1), o convênio a ser firmado entre a prefeitura de Campo Grande e o Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos – unidade do Hospital de Câncer de Barretos –, foi confirmado pelo Conselho Municipal de Saúde, e vai assegurar repasse mensal de R$ 50 mil, valor que corresponde a menos de 15% do déficit mensal, que é de R$ 350 mil. O convênio está previsto para ser celebrado nesta próxima semana.

“Esse convênio vai ser uma porta de entrada para que o hospital receba outros recursos públicos. Estamos caminhando para que novas portas se abram em conjunto com o município e o Estado”, disse a assessora da administração do hospital de Barretos, Lívia Braga Carvalho.

Casos de câncer no MS

Mato Grosso do Sul é um dos estados com maior número de novos casos de câncer de colo de útero do Brasil, com incidência de casos acima da média nacional. Os dados são de levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

De janeiro a dezembro de 2014 foram feitos 32.754 atendimentos à população e em 2015, 47.471. Foram constatados 14 casos de câncer de colo do útero invasivos e 154 neoplasias intra-epiteliais de alto grau no ano retrasado, bem como 49 invasivos e 138 neoplasias intra-epiteliais de alto grau ano passado. Em relação aos casos de câncer de mama, foram constatados 100 em 2014 e 153 no ano passado.

Sendo assim, o convênio firmado com a prefeitura de Campo Grande e a unidade de Prevenção Antônio Morais dos Santos, veio em boa hora, já que metade das pacientes com câncer de colo de útero é diagnosticada com a doença já em fase avançada.

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