Com o prenúncio de uma manifestação dos trabalhadores contra as medidas restritivas impostas pela Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado com toque de recolher para evitar o avanço da Covid, o infectologista e professor, Júlio Croda aponta que “repetiremos Manaus com o mesmo roteiro”.
Julio é médico infectologista, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e professor da UFMS, e sustenta que “Os responsáveis por organizar a manifestação deveriam responder por crime contra a saúde pública”, já que estamos enfrentando uma variante do mesmo vírus que já matou 3.563 pessoas em Mato Grosso do Sul.
Segundo o infectologista, a população não contribui coletivamente. “A sociedade se desfaz, nega a gravidade da doença, nega as medidas preventivas. Poucas pessoas usam máscara, principalmente no centro, os trabalhadores de lojas usam inadequadamente, no queixo, não cobrindo boca e nariz, e só usam no sentido de passar pela fiscalização", alegou Júlio que teme um colapso anunciado na saúde.
“Não existe capacidade e números de leitos proporcionalmente ao impacto dessa nova variante, nem os hospitais privados conseguem fazer isso, e vão começar a fechar, depois com o setor público. Existe um limite de leitos, e não existe contribuição da sociedade nas medidas preventivas, as pessoas tem resistência no sentido de adoção de medidas como lockdown", isso frente aos números da Secretaria de Estado de Saúde que revelam a macrorregião de Campo Grande com excedente da capacidade de leitos disponíveis.
As medidas de restrição poderiam ser mais rígidas, em um momento em que a pandemia afeta cada vez mais todas as regiões do país, segundo análise do profissional. “Eu acho que está até pouco (as medidas restritivas), tem que impor medidas mais severas, nós estamos com uma variante, 100% de ocupação dos leitos, essas medidas vão evitar o aumento de casos em um curto espaço de tempo, mas não vai diminuir de forma efetiva se não tiver medidas mais extremas. Essa variante transmite duas vezes mais, e acomete pessoas mais jovens, a gente viu o que aconteceu em Manaus, se a gente não aprendeu nada a gente vai repetir os mesmos erros”.
Julio pondera que a sociedade “normalizou os óbitos”, e que acredita que a história natural do vírus é as pessoas morrerem sem nenhum tipo de atendimento, segundo ele.
Apesar do novo decreto do toque de recolher ser das 20h as 5h e prejudicar o setor econômico noturno, o maior inimigo das ações da Prefeitura são as festas clandestinas, que ocorrem diariamente, com jovens sem máscaras e sem qualquer medida de biossegurança. “É muito difícil para qualquer gestor público se não tiver contribuição da população, com distanciamento, uso de máscara, evitar aglomeração, e ainda temos casas de show fazendo festas, não há parceria da população. A gente vai viver dias bastante complicados por opção da sociedade, a gente fez essa escolha, que não se restringe a ser mais pobre, a doença vai acometer todas as classes sociais”, completou o médico infectologista Julio Croda.
Manaus
Manaus vive uma crise com o avanço dos casos de Covid-19, internações batendo recordes, unidades de saúde ficaram sem oxigênio, e enviando pacientes para outros estados.
Os cemitérios também estão lotados, ampliaram o horário de funcionamento e instalaram câmaras frigoríficas. Para tentar frear o vírus, o governo estadual decidiu proibir a circulação de pessoas entre 19h e 6h em Manaus.
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Médico infectologista e professor, Júlio Croda (Reprodução)



