Isso quer dizer que, entre cem pessoas vacinadas, pelo menos 61 estariam protegidas contra os quatro sorotipos de vírus da dengue existentes.
Embora não proteja totalmente contra a dengue, o resultado mostra que a vacina é eficaz por estar alinhada à meta da OMS (Organização Mundial da Saúde) de reduzir a mortalidade por dengue em 50% até 2020 e a morbidade pela doença em 25% no mesmo período, afirma Sheila Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur no Brasil.
A vacina da Sanofi foi testada em 21 mil crianças e adolescentes saudáveis, com idades entre nove e 16 anos, na Colômbia, Honduras, México, Porto Rico e Brasil - países que sofrem com epidemia de dengue.
No Brasil, 3.500 crianças e adolescentes de Campo Grande (MS), Vitória (ES), Goiânia (GO), Natal (RN) e Fortaleza (CE) receberam a vacina.
No Brasil
A vacina pode chegar ao Brasil em 2015, segundo a Sanofi. Como chegou ao estágio final de testes, o laboratório deve entregar um dossiê à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) até o começo de 2015 para análise e, possivelmente, liberação do uso da vacina.
"Depois do registro da Anvisa, a vacina poderá ser usada no mercado privado e público. Às vezes demora alguns meses [para ser avaliada], mas pelo fato de ser uma doença de grande impacto social e econômico, pode ser que a gente consiga uma avaliação mais precoce até o fim de 2015, diz Sheila.
O Ministério da Saúde já demonstrou interesse em adquirir a vacina do laboratório.
Não há ainda vacina disponível e licenciada no mundo para imunizar contra o vírus que causa a dengue. Antes do teste na América Latina, a Sanofi testou a mesma vacina na Ásia, onde foi apontada redução de 56% nos casos de dengue clássica e de 88,5% contra a dengue hemorrágica, versão mais grave da doença.
Redução de 78%
Testada em três doses, uma a cada seis meses, e comparada com membros de outro grupo que receberam placebo no mesmo período, a vacina mostrou eficácias diferentes para cada sorotipo de vírus da dengue.
A vacina apontou o maior grau de redução de casos do vírus do tipo 4 (DENV 4), de 78%, e do vírus do tipo 3 (DENV 3) de 74%.
A redução do vírus do tipo 1 (DENV 1) foi de 50% e do tipo 2 (DENV 2) de 42%.
Embora os tipos 1 e 2 apareçam com proteção mais baixa, Sheila Homsani diz que a vacina tetravalente mostrou-se capaz de proteger contra os quatro tipos de vírus pelo seu alto índice de redução dos casos gerais, mostrados nos 61%.
"Quando se faz uma vacina tetravalente, você tem que avaliar de forma global como ela está protegendo, inclusive, contra uma segunda infecção. Isto é, se uma pessoa já contraiu um tipo de dengue, ela estará se protegendo de outros três", diz a médica.
A farmacêutica não soube informar o índice de redução de casos de dengue hemorrágica, considerado a mais grave, após a administração da vacina.
Outra forma de avaliar a eficácia da dose experimental é medir o número de internações por dengue durante os testes. Segundo a Sanofi, a vacina diminuiu em 80% o número de hospitalizações por dengue, índice considerado bastante elevado.
"Isso quer dizer que, entre os que tiverem a doença, os casos serão brandos, sem necessidade de internação. Diminuindo a hospitalização e as chances de morte, mostra que a vacina vai além da proteção individual", diz a gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur no Brasil.
Ainda segundo Sheila, a vacina não causou sintomas graves nem a morte de qualquer participante nos testes. Dor no local da picada, vermelhidão e alguns casos de febre foram os sintomas mais comuns entre os vacinados.
Aumento
A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que infecta ao menos 390 milhões de pessoas a cada ano, das quais 96 milhões sofrem de infecção, segundo dados divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Nos últimos 50 anos, a incidência de dengue aumentou 30 vezes, com mais da metade da população mundial em risco, diz a organização.
No Brasil, foram registrados 511.080 casos de janeiro a 9 de agosto de 2014, segundo o Ministério da Saúde. Estão nesta lista casos notificados de dengue.
A região Sudeste teve o maior número de casos (294.916 casos; 57,7%) em relação ao total do país, seguida das regiões Centro-Oeste (101.004 casos; 19,8%), Nordeste (71.675 casos; 14%), Sul (24.432 casos; 4,8%) e Norte (19.053 casos; 3,7%).Reportar Erro
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