A torcida brasileira está no centro da discussão sobre apoio moral ou desrespeito. Os atletas brasileiros estão em casa e não têm do que reclamar. Assim como alguns estrangeiros como o jamaicano Usain Bolt e os norte-americanos Michael Phelps e Simone Biles, que conquistaram as arquibancadas do Rio. Mas, a opinião sobre a torcida do Brasil está longe de ser uma unanimidade.
As vaias durante a competição do salto com vara incomodaram o francês Renaud Lavillenie e foram alvo de críticas. O atleta fez sinal de negativo com a mão e fez uma declaração que deu muito o que falar: “Em 1936, a multidão estava contra Jesse Owens. Não vimos isso desde então. Temos que lidar com isso”, disse o medalhista de ouro em Londres 2012.
Comparar a torcida brasileira com os discípulos de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial foi o estopim para a discussão. O francês depois de desculpou sobre a comparação, mas manteve as críticas para as vaias. As desculpas não foram suficientes, no pódio ao receber a medalha de prata, Lavillenie foi novamente vaiado e chegou a chorar.
Miriam Santos, antropóloga, professora do Mestrado em Ciências Sociais da UFRRJ, analisa a questão das vaias e mais especificamente o caso de Lavillenie. "Na verdade, mais do que uma questão cultural, as vaias são uma questão de socialização. Os brasileiros vão pouco ao estádio para assistir qualquer esporte que não seja futebol. São acostumados desde pequenos a escolher um time, torcer por ele e desprezar os demais. Somos levados a acreditar desde pequenos que a seleção brasileira é a pátria de chuteiras", comenta.
Para a antropóloga, por analogia qualquer atleta brasileiro encarna o país inteiro e os adversários são vistos como inimigos que devem ser superados por quaisquer meios, inclusive as vaias que podem desestabilizar e desconcentrar.
O caso virou tema de jornais internacionais e também de autoridades. Depois das vaias na cerimônia de premiação, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) usou as redes sociais para se pronunciar sobre o caso. “Comportamento chocante do público vaiar Renaud Lavillenie no pódio. Inaceitável para os Jogos Olímpicos”, criticou.
Não são apenas os adversários dos brasileiros que sofrem. O velocista americano Justin Gatlin foi vaiado em disputa dos 100m rasos com o jamaicano Usain Bolt, um dos gringos preferidos nesta Rio 2016.
As vaias se espalharam por outras modalidades: o tênis, esporte que têm uma “etiqueta” mais silenciosa, sofreu. Em vários momentos, os tenistas precisavam aguardar o juiz de cadeira pedir silêncio aos torcedores. No judô, dois medalhistas de ouro sentiram a fúria brasileira: a americana Kayla Harrison e o francês Teddy Riner. Ambos enfrentaram brasileiros na competição. Rival da medalhista de bronze Mayra Aguiar, Harrison foi diplomática. “Eles me vaiaram o dia todo. Mas tudo bem, eu os perdoo, eu amo muito o Brasil”.
Verdade seja dita: os estrangeiros podem estranhar as vaias, mas elas são quase algo cultural nas arquibancadas brasileiras. Jogadores de futebol são constantemente alvo de vaias dos torcedores rivais. A discussão sobre o assunto divide opiniões. Em meio a críticas, a torcida faz seu papel e não se contenta apenas em ser coadjuvante.
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