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Internacional

Vírus propagado por morcegos, pode ser a nova ameaça mundial a surgir na Ásia

O vírus Nipah se originou em morcegos, de forma muito parecida com o SARS-CoV-2

14 janeiro 2021 - 13h34Brenda Assis, com informações BBC

A Ásia poderá em breve enfrentar outra ameaça emergente de vírus com uma taxa de mortalidade muito maior. É o que alertam pesquisadores especialistas em virologia. O vírus Nipah, um vírus de RNA que se originou em morcegos de forma muito parecida com o SARS-CoV-2, causou muitos surtos na Malásia, Cingapura, Índia e norte da Austrália nos últimos 20 anos.

Agora, pesquisadores especialistas em vírus estão alertando que ele tem o potencial de afetar muito mais pessoas se as lições não forem aprendidas com o surto de Covid-19.

O vírus Nipah foi reconhecido pela primeira vez em 1999, após um surto na Malásia. Durante o surto, foram registrados 265 casos de encefalite aguda, que começou em fazendas de suínos. Os casos foram originalmente atribuídos à encefalite japonesa, mas foi identificada corretamente como infecção pelo vírus Nipah pouco depois.

Desde então, pequenos surtos ocorreram quase anualmente, entre 2000 e 2020, cada vez exibindo uma taxa de mortalidade surpreendente de até 75%.

Muitos se perguntarão por que um vírus com taxas de mortalidade tão extremas é considerado um risco de pandemia – geralmente, doenças como essa matam seus hospedeiros muito rapidamente, o que em tese não daria tempo de se espalharem de forma generalizada para todo o planeta.

No entanto, é aqui que o vírus Nipah difere de muitos outros vírus. Embora os sintomas geralmente ocorram entre 4 e 14 dias após a infecção, às vezes o vírus pode incubar por períodos extremos – até 45 dias, de acordo com a OMS – permitindo um período notavelmente longo de transmissão.

Depois que a incubação termina, os sintomas incluem febre, dores de cabeça e vômitos, entre outros que são semelhantes a uma gripe. Logo após surgem tonturas, sintomas neurológicos e inflamação aguda do cérebro.

Mesmo que vários antivirais sejam usados como tratamento de suporte para os pacientes, não há cura nem tratamento direto contra o vírus até o momento. Se os pacientes sobrevivem, alguns ficam com problemas neurológicos de longo prazo, incluindo alterações de personalidade e convulsões.

Embora ainda sejam uma ameaça significativa, as cepas atuais do vírus Nipah não podem ser transmitidas por aerossol, nem são transportadas pelo ar, então provavelmente não representarão o mesmo nível de risco de pandemia que vírus como da Covid-19. Mas, existe a possibilidade de ele apresentar mutações para se adaptar e ser mais facilmente transmitido.

Atualmente, o vírus Nipah se espalha em grande parte pela ingestão de alimentos contaminados que estiveram em contato com morcegos frugívoros infectados, embora fezes de suínos infectadas e até mesmo transmissão de pessoa para pessoa tenham sido observadas.

Mais estudos e análises adicionais de vírus como o Nipah permitirão que o mundo esteja melhor preparado para as ameaças de vírus que já conhecemos e que podem sofrer mutações. Com a Covid-19 correndo desenfreadamente pelo planeta, é fundamental compreender as doenças existentes que podem causar devastação semelhante – particularmente em como o mundo se protege contra os vírus transmitidos por morcegos, sugere a virologista Veasna Duong.

“Sessenta por cento das pessoas que entrevistamos não sabiam que os morcegos transmitem doenças. Ainda falta conhecimento”, disse Duong em entrevista à BBC.

O pesquisador ainda comentou que as análises no Camboja e na Tailândia mostram uma grande quantidade de morcegos sendo oferecidos em mercados, escolas, locais turísticos e diversos outros.

Ainda de acordo com a BBC, a cidade de Angkor Wat, no Camboja, recebe mais de 2,6 milhões de turistas. Isso significa que são 2,6 milhões de possibilidades para o vírus Nipah sair de morcegos e infectar humanos.

Especialistas insistem e alertam que a Covid-19 deve servir como um sinal para que as nações ao redor do mundo se preparem e evitem futuros surtos, o que pode ser amenizado com intensa pesquisa científica, medidas governamentais e um plano global sobre como iremos agir quando as próximas pandemias surgirem.

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