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Opinião

Ciência sem fronteiras, inovações sem limites

23 novembro 2013 - 00h00Maurício Antônio Lopes
O programa “Ciência sem Fronteiras”, concebido pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e conduzido pelo CNPq, quer ampliar a ação de ciência e tecnologia e de inovação do Brasil a partir da presença de nossos jovens no exterior. Para isso está investindo no aumento do intercâmbio científico, entre as instituições de pesquisa do Brasil e de quase 30 países, gerando mobilidade internacional de nossos pesquisadores e estudantes.

O programa é uma plataforma de intercâmbio, em que se integram várias maneiras de interação entre a comunidade científica nacional e internacional, mediante a concessão de 101 mil bolsas de estudos. Com cerca de 26 mil delas, o CNPq está fazendo o que faz desde que foi criado 1950: mandar jovens pesquisadores para os principais centros de pós-graduação dos países desenvolvidos. Mas o impacto vai além. Outras 11 mil bolsas vão ser usadas com novos propósitos: atrair jovens pesquisadores brasileiros, já radicados no exterior, para voltar e trabalhar no Brasil; enviar pesquisadores brasileiros para projetos de desenvolvimento tecnológico e inovação no exterior; e trazer cientistas estrangeiros experimentados para atuar como “pesquisadores visitantes especiais” em nossas organizações de pesquisas.

A grande ousadia, entretanto, está no módulo “Graduação Sanduíche”: 64 mil estudantes de graduação vêm sendo selecionados e enviados a centros universitários de todo o mundo para fazer parte de sua graduação em sistemas educacionais competitivos em termos de desenvolvimento tecnológico e inovação. Os impactos desse investimento serão ainda maiores porque, iniciados mais cedo, vão ter ampliada exponencialmente sua educação, com sua provável participação nos outros módulos já citados.

Dois anos passados e a execução do programa já é um sucesso. Glaucius Oliva, presidente do CNPq, informa que no início de outubro já haviam sido selecionados quase 55 mil candidatos: ou seja, na metade do prazo, 50% das metas cumpridas. Mais de 40 mil pesquisadores e estudantes já se encontram nos países escolhidos realizando o seu trabalho. Os demais aguardam apenas o trâmite da papelada.

Por experiência própria, nós, da Embrapa, não temos dúvida que também será um sucesso. Nos anos 1970 e 1980, a Embrapa enviou, para os principais centros de pós-graduação do mundo, mais de quatro mil pesquisadores de seus quadros, dos institutos estaduais e das universidades agrícolas, muitos recém-saídos da graduação. O resultado é conhecido. O Brasil e sua agricultura tornaram-se referências mundiais em pesquisa e inovação agrícola.

Aquele projeto nos ensinou que a inovação se dará em pelo menos três dimensões. A inovação tecnológica, a dimensão mais óbvia e visível, será decorrência das outras duas dimensões, a inovação pessoal e a inovação institucional, essas duas menos perceptíveis, mas mais profundas e duradouras em seus efeitos.

Imaginemos um jovem do módulo “graduação sanduíche”. Após meses de imersão numa cultura diferente e, em vários aspectos, contrastante com a nossa, sofrerá uma aceleração no seu processo de amadurecimento intelectual e profissional e mudanças relevantes na sua compreensão da realidade e no seu juízo de valores. Terá novas, diferentes e maiores ambições de realização científica e tecnológica.

Ele alcançará a proficiência em um segundo idioma, o que vai lhe permitir explicitar-se melhor ante outros estudantes e pesquisadores internacionais e ser avaliado por eles. Muitos vão se articular e ser “adotados” por mentores e lideranças científicas internacionais, integrarão redes de pesquisa, serão convidados para os programas de mestrado e doutorado e, havendo condições, talvez trabalhem nessas universidades.

A maioria voltará para nossas universidades, organizações de pesquisa e empresas privadas de base tecnológica. A cada retorno, nesse ciclo de formação científica, suas habilidades, conexões internacionais e ambições expandidas fomentarão a revolução institucional necessária para que toda a cadeia produtiva de ciência e tecnologia do Brasil multiplique a sua competitividade e capacidade de inovação.

Os benefícios são inimagináveis. Se, no passado, apenas quatro mil jovens, centrados nas ciências agrárias e áreas correlatas engendraram a revolução agrícola tropical que o mundo aplaude, não é possível estabelecer limites para o que farão 100 mil jovens dedicados a cerca de 20 áreas do conhecimento, todas elas sabidamente “portadoras de futuro”. É o que teremos: inovações sem limites.

Maurício Antônio Lopes - presidente da Embrapa

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