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Indústria nacional competitiva é melhor do que internacionalização defensiva

17 maio 2013 - 00h00Aguinaldo Diniz Filho

Temos assistido a intensos debates sobre a existência ou não de um processo de desindustrialização no Brasil. Economistas de tendências diversas têm discutido a questão sem que cheguem a um consenso. A nosso ver, o país está sim sofrendo um processo contínuo de perda de participação da indústria no PIB nacional.

Sob qualquer medida, percebe-se a perda relativa da indústria, que teve no passado um percentual na geração de riquezas em nossa economia bastante superior ao que tem hoje. Saímos de 36% do PIB, em meados da década de 80, para algo como 13%  em 2012.

É natural que no desenvolvimento das economias exista uma perda relativa de participação na indústria em favor do setor de serviços que, em boa medida, cresce em função da demanda da própria manufatura. Infelizmente, porém, os números mais recentes do setor industrial mostram que, além da perda relativa, estamos vendo uma redução da atividade industrial decorrente da ausência de fatores sistêmicos de competitividade oferecidos às empresas nacionais quando comparado com os concorrentes internacionais.

Desnecessário falar sobre o preço que tem sido pago por esse setor decorrente da apreciação da nossa moeda, da carga tributária elevada e complexa para poder ser atendida dentro das exigências legais, dos custos excessivos da nossa infraestrutura, aliados à precariedade da mesma.

É certo que o Governo Federal vem tomando medidas para reduzir o chamado “Custo Brasil”. Prova cabal das ações nesse sentido foi a desoneração da folha de pagamentos, a diminuição do custo da energia, a isenção de impostos na cesta básica, a instituição do Reintegra e outras medidas ainda não anunciadas, mas em análise. Por outro lado, o mundo não para e nossos concorrentes também estão se movimentando no sentido de ganhar competitividade, de maneira a conquistarem mercados. Essa batalha dá-se num contexto extremamente complicado da economia mundial, com encolhimento dos mercados tradicionalmente importadores localizados nos Estados Unidos, Europa e Japão.

Nas discussões sobre como resgatar a competitividade das empresas brasileiras, tem sido proposto o seu deslocamento para países vizinhos, com o intuito de “fugir” das nossas mazelas competitivas. Entendemos ser essa uma proposta de “Internacionalização Defensiva”, na qual a legítima e necessária expansão territorial das companhias dá-se por carências das nações onde se localizam e não por uma ausência de novas oportunidades de investimentos, geração de empregos e riquezas dentro do território nacional.

As companhias brasileiras precisam sim inserir-se nas cadeias produtivas globais para participar de todo fluxo comercial e de investimentos existentes no Planeta. As decisões empresariais são soberanas, porém, entendemos que as entidades de classe, como a ABIT, devem colocar toda a sua energia na busca, em nível macro, meso e micro, em favor da criação das melhores condições de investimentos, dentro do território nacional, tanto para as empresas brasileiras, quanto para as internacionais que decidam instalar-se em nosso país.

Nações como os Estados Unidos, em função da crise instalada no mundo a partir de 2008, têm buscado reindustrializar-se, objetivando a geração de investimentos e empregos dentro do seu espaço geográfico. O Brasil tem todas as condições para ser uma economia forte e competitiva, tanto no âmbito agrícola e de serviços, assim como na indústria. Nenhum país com o nosso nível de desenvolvimento construiu um parque produtivo tão amplo e diversificado, incluindo o nosso setor têxtil e de confecção, situado entre os cinco maiores do mundo.

É para preservar e desenvolver ainda mais a nossa indústria, sem nos descuidarmos dos outros setores da economia, é que entendemos que devam trabalhar todas as entidades de classe, sejam elas, patronais ou laborais.

Aguinaldo Diniz Filho - presidente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).

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