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Opinião

'Jabasta' de corrupção

30 junho 2016 - 17h59Wilson Aquino

Há duas décadas e meia, acadêmicos de Comunicação Social da UFMS de Campo Grande editavam o jornal de laboratório “Jabasta”, uma junção do termo jabá, não no sentido léxico (carne seca), mas no sentido figurado, muito usado à época, para denotar “negócios escusos”, propina etc, com a expressão basta, chega (... de corrupção).

Aqueles jovens, destemidos, com sede e garra para mudar o mundo, se indignavam com os jabás que rolavam solto principalmente na administração pública e pesquisavam e publicavam, mesmo que para apontar possíveis indícios de irregularidades na execução de obras  e serviços públicos, por exemplo.

Entre esses universitários, que se espalhavam pelas redações, chegou ao então Diário da Serra (S/A Correio Braziliense Diário da Serra) como repórter de Cidades, editoria que eu comandava, um jovem  franzinho, meio tímido, que logo ganhou (do fotógrafo Secreta) o carinhoso apelido de “Amarelo”. Mas se enganavam aqueles que o subestimassem pelo ‘tamainho’ e pelas camisetas surradas que gostava de usar (parecia querer provocar ao usar camisetas “desbeiçadas”, aquelas com as golas redondas com perda de elasticidade). Seu “estilo” de vestir, em nada combinava com seu profissionalismo, sua inteligência e sabedoria, alicerçada em muita leitura desde pequeno (aí está um de seus segredos de bom profissional, não tenho dúvida). Entrou no jornal e logo vi que seria um grande profissional. Disse isso a ele com muita seriedade.

Aquele jovem era Rubens Valente, hoje na Folha de São Paulo, autor de matérias investigativas que já derrubaram ministros, trazendo à tona jabás de todos os tipos e tamanhos, tanto na iniciativa pública como privada.

Autor do livro “Operação Banqueiro”- uma trama brasileira sobre poder, chantagem, crime e corrupção, Valente derrubou, com mais um trabalho de reportagem investigativa, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, o mais forte do Governo Michel Temer.

Valente é de Dourados, passou também pelo Correio do Estado, antes de galgar vôos mais altos em sua brilhante carreira profissional, dando continuidade ao Jabasta, em proporções maiores, como o povo brasileiro precisa nesses tempos de identificação ampla e clara dos esquemas de corrupção que corroem o dinheiro público para o bolso de empresários, servidores públicos e políticos inescrupulosos.

São novos tempos que se seguirão neste País onde se diz que a corrupção é cultural, que vem do tempo de colônia. Crimes dessa natureza não podem, não devem e não vão mais continuar, pois temos muitos e muitos cidadãos valentes, no jornalismo, no judiciário, na indústria, no comércio, em todo lugar. Valentes também que se vestem de verde e amarelo  e vão para as ruas gritar em alto e bom som: Jabasta!!!

Muito embora há quem diga que o povo de verde e amarelo, na roupa e no peito, é “manipulado”, “minoria”, “coxinha”... não importa, pois a verdade  é que há sim um sentimento de indignação, um amadurecimento do povo brasileiro que quer um basta aos jabás e tem fechado o cerco contra autoridades que insistem em trilhar caminhos divergentes.

A tecnologia da informação nesses últimos tempos tornou-se um instrumento a favor do povo que clama por justiça.  As pessoas podem ler mais, fotografar, filmar e gravar atos e ações ilícitas, com extrema facilidade, e denunciar. Tudo isso, por si só, certamente inibirá cada vez mais o crime. Jucá, Sarney, Renan e Delcídio que o digam.  E é com isso que o povo brasileiro conta. Com uma drástica redução dos crimes de corrupção e desvio de dinheiro público.

Sejamos valentes nessa luta por um Brasil melhor, usando principalmente os anos de eleição para alijarmos da vida pública os maus representantes do povo.

 
(*) Wilson Aquino é jornalista e professor
 

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