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Opinião

Quem ensina sempre aprende

29 maio 2011 - 00h00Arnaldo Niskier

A frase tanto pode ser atribuída a Anísio Teixeira quanto a Guimarães Rosa. Ambos, em tempos distintos, afirmaram que quem ensina sempre aprende. É uma realidade indiscutível.

Com a experiência de mais de 55 anos de magistério, posso afiançar que o ato de lecionar, de forma consciente, obriga o professor a uma preparação prévia e contínua. Deve estar atualizado, inclusive para enfrentar com sucesso as demandas em classe dos seus alunos, hoje às voltas com as múltiplas informações da televisão e dos computadores.

O tema foi objeto de um Seminário para 400 professores e gestores da rede privada, promovido pelo Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva, no Hotel Othon do Rio de Janeiro. O encontro de educadores foi balizado pela frase “Venha ensinar, aprender e compartilhar saberes”, objetivo plenamente alcançado pelo evento.

Na fala inaugural – com muita propriedade, dada a sua longa experiência –, o professor José Arnaldo Favaretto, especialista em Biologia e fundador do Sistema Ético, confessando-se “apaixonado pela educação”, defendeu a existência de uma escola mais completa e inclusiva. Citou diversos autores brasileiros, demonstrando o seu grande apreço pela leitura, mas revelou a grande dificuldade com que se deparam os mestres: eles devem ensinar hoje o que não aprenderam na escola. O conhecimento dobra a cada cinco anos e, parafraseando Guimarães Rosa, “hoje já é amanhã”.

Se o professor não tiver uma atualização permanente (e haja tempo para isso), perderá a batalha da eficiência. Haverá alunos com conhecimentos mais avançados – e isso provoca uma situação incômoda em sala de aula. Vivemos um mundo de imersão digital, querendo ou não, como disse o professor Favaretto, com as suas características de portabilidade, interatividade, conectividade e multifuncionalidade. Quem não estiver preparado para isso, terá dificuldades talvez insuperáveis para exercer com brilho a sua missão.

Veio à tona o comentário sobre os avanços palpáveis da tecnologia. O orador tomou emprestado um exemplo do escritor Carlos Heitor Cony, para reforço da sua argumentação: “Tecnologia é como o automóvel: torna o caminhar mais fácil, mas não aponta o caminho”. Aí é que entra o papel do professor e a sua responsabilidade. Ele não pode ser culpado se a escola fracassa em sua missão de educar, como querem alguns.

Nem o problema é tão simples que se resolva com maiores salários. Pagar mais é uma velha reivindicação, justa, mas a importância está também na melhoria da formação dos mestres. Não cabe a discussão do que deve vir primeiro. Talvez haja uma concomitância nessas duas vertentes, reconhecido que uma boa parte dos professores frequenta cursos deficientes, retrógrados, com conhecimentos envelhecidos e repetitivos. Nutrimos grandes esperanças na renovação dos cursos de formação de professores.

Arnaldo Niskier é Doutor em Educação, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/RJ

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