Após incertezas provocadas pelo chamado "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos à carne bovina brasileira, o setor pecuário começa a respirar com mais tranquilidade. A avaliação é do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, e do presidente da Nelore MS, Paulo Matos, que apontam sinais de estabilização do mercado.
“No dia seguinte ao anúncio do tarifaço, eu disse que o produtor rural não precisava se preocupar. Mas, infelizmente, nos primeiros 30 dias, ele acabou pagando a conta porque os frigoríficos derrubaram os preços da arroba paga ao produtor”, relembra Guilherme Bumlai. “O mercado não se sustentou dessa forma e, gradativamente, os preços voltaram ao patamar anterior. Agora, já estamos em um momento de estabilidade.”
Mesmo com o bloqueio parcial do mercado norte-americano, o dirigente lembra que o Brasil mantém exportações para mais de 150 países e que há capacidade de realocação da produção. “A carne que ia para os Estados Unidos está sendo direcionada para outros mercados. O México, por exemplo, já ultrapassou os Estados Unidos nas importações de carne bovina brasileira no último mês. O mercado se ajusta”, afirmou.
Bumlai também criticou o comportamento da indústria frigorífica diante do tarifaço. “Quando vem o anúncio de uma medida como essa, a indústria rapidamente derruba o preço pago ao produtor. Mas, quando é anunciada uma ajuda pelo governo federal, não se vê reflexo positivo nos preços. O produtor rural acaba sempre pagando a conta.”
O chamado tarifaço, medida imposta pela gestão do ex-presidente Donald Trump e reativada neste ano, foi classificado por autoridades norte-americanas como "ilegal e abusivo". Por sua vez, Governo Brasileiro acionou a Lei de Reciprocidade, uma resposta que visa reequilibrar as relações comerciais entre os dois países. A medida é analisada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Apesar das turbulências, os números do setor mostram resiliência. De acordo com o presidente da Nelore MS, Paulo Matos, o volume exportado de carne bovina em agosto de 2025 foi 34% maior em comparação com o mesmo período do ano anterior. “Isso mostra a força do nosso setor, que segue crescendo mesmo com adversidades. E a Nelore, que congrega 90% do rebanho da pecuária nacional, tem papel fundamental nisso. Trabalhamos em conjunto pelo fortalecimento da estrutura produtiva e desenvolvimento do agronegócio.”
Um dos pontos que impulsiona o setor é o marco histórico alcançado por Mato Grosso do Sul com o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação.
O selo, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), foi oficializado em maio deste ano, durante cerimônia realizada na capital francesa Paris. Em seguida o diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Vigilância Sanitária Animal e Vegetal), Daniel Ingold, recebeu o documento em Brasília (DF).
A certificação eleva o patamar do Estado no cenário internacional. Em 2024, Mato Grosso do Sul exportou cerca de US$ 1,278 bilhão em carne bovina, e somente no primeiro quadrimestre de 2025, esse valor já ultrapassa os US$ 510 milhões.
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Guilherme Bumlai, presidente da Acrissul (Sarah Chaves/JD1)



