Nos Estados Unidos, um aventureiro está se preparando para flutuar da América à Europa, atravessando o Oceano Atlântico levado por balões.
São 365 balões amarrados em um bote. Se tiverem sido enchidos com gás hélio, eles vão subir e o vento vai levar. É assim que o americano Jonathan Trapp quer cruzar o Oceano Atlântico. Ele sairá do norte dos Estados Unidos e não sabe exatamente onde vai pousar. Deverá ser em algum ponto da Europa. O sonho é descer em Paris.
Jonathan é analista de sistemas e tem 39 anos. Divide seu tempo entre computadores e festivais de balonismo. "Muitas pessoas têm o sonho de sair voando por aí, mas pouquíssimas vão além e voam de verdade", diz ele.
Jonathan conta que começou a botar em prática a ideia há quatro anos. Estudou o vento, a temperatura, a distância, comprou equipamentos, juntou os balões e fez vários testes.
Primeiro, sentando em uma cadeirinha. Decolou dos arredores de Paris. "Voei a noite inteira sozinho. Decolei da França, subi acima do topo dos Alpes Franceses. Agora estou sobre a Itália. E o sol está só nascendo. Uma linda manhã, umas das mais bonitas que já vi", contou em vídeo na época.
E como controlar tudo isso? O gás hélio leva os balões para cima. Areia e água servem de contrapeso para não deixar tudo ir para estratosfera. Se ele subir demais, estouram-se balões. Se estiver descendo muito é preciso eliminar parte da carga de água e areia.
Não é tão fácil quanto pode parecer. No Brasil, já teve quem tentasse voar de um ponto a outro amarrado a balões de gás hélio. Em abril de 2008, o padre Adelir de Carli saiu do Paraná e pretendia chegar ao Mato Grosso do Sul, mas o vento o levou para o mar e, poucas horas depois, ele desapareceu.
Para não ter o mesmo destino trágico, Jonathan ensaia a grande aventura com pequenas simulações.
"Este é o meu avião N878UP, subindo a 6 km/". Isso é mais do que ele deseja, então, Jonathan estoura um balão. E para descer ainda mais, é só estourar outros balões.
Só que para não cair com tudo é preciso mais controle. No pouso, na França, Jonathan foi eliminando o peso. Aliás, foi lavando os telhados e falando com os moradores.
Nessa brincadeira é impossível prever quanto peso será eliminado ou quantos balões serão destruídos. "Depende do vento, depende do tempo. Se o vento estiver forte, se a direção estiver boa, se a distância for curta, podemos ter dois terços dos balões no pouso. Se tudo estiver terrível, perderei 90% deles".
Em um caso extremo, ele terá que descartar também o bote e continuar a viagem só com os balões presos nas costas. Uma situação que ele não espera enfrentar. Até agora, todos os voos que fez foram tranquilos. Como o que atravessou o Canal da Mancha, que separa a França da Inglaterra.
"Um belo barco e eu a 2 mil metros de altura. Um completo silêncio com balões a gás sobre minha cabeça", lembra.
Em outra cena, ele descreve o que vê de lá de cima. Mas Jonathan Trapp estava subindo e não era hora. "Preciso fazer algo para não invadir o espaço aéreo," ele fala consigo mesmo.
Pousou na plantação de um fazendeiro. E, lógico, foi uma surpresa.
Jonathan prova também que levar uma casa para o ar não é só fantasia de filmes de animação.
No vídeo, ele aparece no interior do México, em um festival de balões. A casa sobe vai mais alto que outros balões. Jonathan Trapp surge na chaminé e comemora.
Chegou a hora de realizar a maior aventura de todas. "Eu não acordei um dia e falei: ‘vou fazer isso’. É um sonho que tive por anos, desde o meu primeiro voo".
Para atravessar o Atlântico, Jonathan conta que se inspirou em Joe Kittinger. "Ele foi a primeira pessoa que fez um voo sozinho cruzando o Oceano Atlântico, mas foi em um balão de ar".
Joe Kittinger foi a primeira pessoa a saltar da estratosfera. E foi quem comandou o salto do austríaco Felix Baumgartner, que, em setembro, quebrou a velocidade do som em uma queda livre impressionante.
"Quem não tem conhecimento sobre balão vai dizer: ele é louco. Quem conhece não acha isso. Pergunte a Joe Kittinger", diz.
Jonathan Trapp disse que treinou muito e que pretende decolar no meio do próximo ano. Sabe que não vai ser fácil. Serão, pelo menos, seis dias no ar, com temperaturas negativas. Ele vai usar roupa especial e um equipamento que toca um alarme caso ele durma e os balões comecem a subir ou a descer demais.
O barquinho já está pronto e foi testado em um festival, também no México.
De novo, Jonathan decolou do meio do povo. Jogou areia fora para sair do chão. Eliminou balões para não subir tanto. Voou por mais de uma hora e pousou tranquilamente em um lago.
Sabe quem estava junto? A namorada. Vendo assim, Jonathan Trapp parece não ser o mais louco de todos.
Via Globo.com
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