Num país como o Brasil, caracterizado pelo sincretismo religioso, algumas religiões ainda são discriminadas. E pior, o ódio pode motivar ataques reais. Foi o que aconteceu nesta terça-feira (19) no Centro Cultural Afro brasileiro Ile Ade Oya Egbe Sango, no Jardim Tarumã, alvo de um incêndio.
De acordo com o boletim de ocorrência, um objeto semelhante a uma coroa de defunto foi colocado no portão do Centro, também residência da vítima, que deu início ao fogo. Segundo consta no boletim, o ato foi motivado por intolerância religiosa de alguns vizinhos, que estão incomodados com o estilo de vida da vítima. Além disto, não é a primeira vez que o lugar foi queimado. Consta que outro incêndio ocorreu no mesmo período no ano passado.
Intolerância religiosa
A intolerância religiosa é crime de ódio e fere a dignidade humana. A Constituição Federal, no art. 5º, determina que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Inclusive, a lei nº 11.635/07 instituiu o dia 21 de janeiro como o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa".
No caso de discriminação religiosa, a vítima deve ligar para a Central de Denúncias (Disque 100) da Secretaria de Direitos Humanos. Ela também deve procurar uma delegacia de polícia e registrar a ocorrência. Em caso de agressão física, não se deve limpar ferimentos, e é necessária a realização de exame de corpo de delito. Se a ofensa ocorrer em templos, terreiros, ou na casa da vítima, o local deve ser deixado do jeito que estava para facilitar a investigação.
Racismo
O caso no Centro Cultural Afro brasileiro Ile Ade Oya Egbe Sango em Campo Grande reflete mais um dos traços do racismo no Brasil, já que religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, são as mais discriminadas no país. Por exemplo, só no Rio de Janeiro, segundo dados da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do RJ (CCIR), mais de 70% de 1.014 casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado entre 2012 e 2015 são contra praticantes de religiões de matrizes africanas.
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