Com as tarifas dos Estados Unidos sobre importações de produtos brasileiros em vigor desde quarta-feira (6), mesmo com isenção de 700 itens, a medida ainda afeta aproximadamente 3.800 produtos, o que deve ter consequências diretas para o consumidor americano, especialmente em setores onde o Brasil é fornecedor-chave.
Entre os produtos mais sensíveis está o café. Os EUA são o maior consumidor mundial da bebida e, com produção doméstica quase inexistente, dependem fortemente das importações, sendo o Brasil o principal fornecedor. Substituí-lo não será simples. A Colômbia, por exemplo, tem capacidade limitada e está sujeita a uma tarifa bem menor, mas ainda assim não conseguiria suprir a demanda americana sozinha. Com isso, o café brasileiro pode continuar sendo importado, mas com preços mais altos para o consumidor final.
Frutas como manga e goiaba também devem sofrer impacto. O Brasil ocupa uma posição de destaque como fornecedor desses produtos, e produtores já relatam cancelamentos de pedidos por causa da nova tarifa. Como os EUA cultivam essas frutas em quantidades muito limitadas, principalmente em estados como Flórida e Havaí, a menor oferta pode pressionar os preços nos supermercados.
A carne bovina, embora também produzida internamente nos EUA, é outro setor com risco de encarecimento. O Brasil responde por quase um quarto das importações americanas e, com a tarifa extra, pode haver recuo nas compras, pressionando ainda mais os preços — que já vinham em alta devido a fatores estruturais, como o crescimento da demanda e a estabilidade do rebanho nos últimos anos.
Outro item sensível é o açúcar orgânico. Os EUA importam praticamente todo o que consomem, e o Brasil foi responsável por quase metade desse volume entre 2023 e 2024. Como a certificação orgânica exige o uso de açúcar com esse selo em diversos alimentos processados — de iogurtes a chocolates e bebidas fermentadas —, os custos adicionais devem ser repassados ao consumidor.
No setor de confeitaria, o impacto pode ser sentido especialmente no chocolate. O Brasil é um fornecedor relevante de manteiga de cacau, uma matéria-prima essencial para a produção do produto, e a tarifa tende a agravar uma alta de preços que já ocorre globalmente por conta de problemas climáticos e pragas nas principais regiões produtoras de cacau.
O impacto também pode afetar o preço dos carros. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA e o principal fornecedor de nióbio, metal usado em ligas especiais para fabricação de veículos e outros produtos industriais. O aumento nos custos desses insumos pode encarecer carros e eletrodomésticos, além de impactar setores como o de alimentos enlatados, que também dependem de embalagens metálicas.
Segundo análise do centro de pesquisa The Budget Lab, da Universidade de Yale, as tarifas já anunciadas contra os mais de 70 países, podem elevar a inflação americana em até 1,8% no curto prazo, o que representa uma perda estimada de US$ 2.400 por domicílio em 2025. O impacto será mais evidente nos próximos meses, à medida que os preços começarem a refletir os custos adicionais da nova política comercial.
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