Menu
Busca sexta, 31 de março de 2023
(67) 99647-9098
TJMS - Mar23
Geral

Juiz pede Força Nacional para despejar Guarani Kaiowa de área explorada por Bumlai no MS

A Funai entrou com pedido de Suspensão de Liminar no STF

12 junho 2016 - 14h53Assessoria de Imprensa CIMI
Prefeitura Mobile

Após o Governo do Estado ter se recusado a usar a Polícia Militar para realizar o despejo das nove famílias Kaiowa e Guarani do tekoha Apyka'i, em Dourados (MS), o juiz federal Fábio Kaiut Nunes requisitou ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o envio de tropas da Força Nacional de Segurança Pública para retirar os indígenas da área. Mesmo sem polícia para efetuar a ação, a Justiça notificou a liderança da comunidade, Damiana Cavanha. A indígena afirmou que a comunidade não deixará a área, arrendada pela a Usina São Fernando, propriedade de José Carlos Bumlai. A Fundação Nacional do Índio (Funai) entrou com pedido de Suspensão de Liminar no Supremo Tribunal Federal (STF), para evitar o confronto.

Na última quarta, 8, Damiana foi levada até a sede da Funai para receber a notificação da oficial de Justiça. A liderança, no entanto, recusou-se a assinar o documento. "Não vou assinar nada. Pode cavar o buraco para enterrar todos, porque não vamos sair do nosso tekoha", afirmou, respondendo ao pedido da oficial. Mesmo sem a assinatura, o prazo de cinco dias estabelecido na decisão judicial para cumprimento da ordem passa a valer. O despejo deverá acontecer entre os dias 13 e 15 de junho, a pedido do proprietário da fazenda Serrana (arrendada para a usina), Cassio Guilherme Bonilha Tecchio.

Sem Polícia

Esta não é a primeira vez que o juiz substituto da 1a. Vara da Justiça Federal de Dourados  decide pela reintegração de posse contra os Kaiowa de Apyka'i, apesar da forte oposição de organizações de direitos humanos do mundo todo contra o despejo.

Na última decisão, em maio, Kaiut requisitou ao governo do Mato Grosso do Sul o uso da PM para o cumprir a reintegração, mas o pedido foi negado. Em sua decisão, Kaiut exige que a Procuradoria Geral da República "adote as medidas cabíveis" contra o governo do estado pelo não-cumprimento, e solicitou ao Ministro da Justiça o uso da Força Nacional, que ainda não respondeu ao pedido. 

Dias depois de assumir o Ministério da Justiça no governo provisório de Michel Temer (PMDB), o ex-secretário de Segurança do estado de São Paulo Alexandre de Moraes afirmou à imprensa que irá combater "movimentos de esquerda", e que ações de grupos que ocupem terras - em referência ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), citado pelo ministro - "vão ser combatidas assim como os crimes".

Antes dos cargos públicos, Alexandre atuava como advogado e trabalhou também para o deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Em 2014, Cunha foi defendido por Alexandre numa ação em que era acusado de usar documento falso. Alexandre conseguiu a absolvição de Cunha no STF.

Apyka'i, "comunidade modelo" do genocídio

Mais de uma década vivendo na beira da estrada, sofrendo ataques de seguranças privados, barracos criminosamente incendiados a mando de produtores rurais, bebendo da água mais podre dos córregos envenenados pela monocultura - o Apyka'i figura como uma espécie de "comunidade modelo" do genocídio que sofrem os povos indígenas no Brasil. 

Nove pessoas faleceram no local - oito, vítimas de atropelamentos, e uma envenenada por agrotóxicos utilizados nas plantações que circundam a retomada. Os moradores do tekoha sobrevivem essencialmente de doações e de cestas básicas oferecidas por apoiadores e pela Funai. Não tem acesso à água, à floresta, è educação, saúde, à segurança ou a dignidade mínima.

A usina

Instalada em Dourados em 2009, a Usina São Fernando é um empreendimento do Grupo Bertin, um dos maiores frigoríficos produtores e exportadores de itens de origem animal das Américas, e da Agropecuária JB, ligada ao Grupo Bumlai (propriedade do pecuarista José Carlos Bumlai), especializado em melhoramento genético de gado de corte. Um dos territórios utilizados pela usina para produzir cana é reivindicado pelos Kaiowá de Apyka'i.

Em 2010, sob perigo de perder sua licença de operação em função de diversos descumprimentos legais em questões trabalhalistas, ambientais e indígenas, a usina teve de assinar um termo de cooperação e compromisso de responsabilidades na Justiça.

Entre as condicionantes estabelecidas pelo Ministério Público Estadual, Ministério Público do Trabalho e MPF, a usina era obrigada a não renovar o contrato de arrendamento da fazenda Serrana, de Cássio Guilherme Bonilha Tecchio, propriedade que incide sobre o território reivindicado como Apyka'i pela família de Damiana, quando o atual findasse.

Em 2015, José Carlos Bumlai foi preso no decurso da Operação Lava Jato, acusado de fazer parte de um esquema de corrupção e fraude no pagamento de dívidas de campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores.

Prefeitura Mobile
Estação Criança

Deixe seu Comentário

Leia Também

Geral
Morre Haroldo Maiolino
Geral
Campo Grande atinge nota máxima em transparência pública
Geral
IBGE prorroga mais um vez a apuração e coleta de dados do Censo 2022
Geral
Ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães vira réu por assédio a funcionárias
Geral
Tapeado: cliente compra iPhone pela internet e recebe jogo de quebra-cabeças
Geral
JD1TV: Riedel assina parceria com Ministério das Mulheres em evento no Bioparque
Geral
Prazo para pagar a 3° parcela do IPVA encerra nesta sexta-feira
Geral
Bioparque deve continuar com entrada gratuita até o fim do ano, diz secretário
Geral
Licenciamento inicia em abril para veículos com placas final 1 e 2
Geral
Foi você? Prêmio de R$ 100 mil do 'Nota MS Premiada' vai para dois ganhadores

Mais Lidas

Polícia
Mesmo com medida protetiva, Cinthya foi assassinada a tiros na frente do filho
Brasil
Sertanejo Matheus, dupla com Zé Henrique, morre atropelado em SP
Brasil
Motorista morre dirigindo ônibus e estudante salva colegas ao estacionar veículo
Geral
JD1TV: Acusados de matar jovem em lava-jato são condenados a 12 anos