Menu
Menu
Busca sexta, 26 de julho de 2024
Secovi - Julho24
Geral

Violência contra a mulher é um dos motivos de pedido de refúgio

08 dezembro 2016 - 08h11Agência Brasil

Um debate hoje (7) com a participação de refugiadas e organizações feministas proporcionou a troca de experiências sobre as questões femininas que envolvem as mulheres refugiadas e discutiu a violência contra a mulher nos países de origem e no Brasil para estimular a solidariedade feminina transnacional. O evento foi organizado pela Cáritas no Memorial Getulio Vargas, no Rio de Janeiro.

De acordo com a Cáritas, o número de mulheres que pedem refúgio no Brasil aumentou desde 2014, passando de 30,1% naquele ano para 40,4% em 2015 e para 42,3% do total das solicitações feitas até novembro de 2016.

A responsável pelas relações institucionais do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas do Rio de Janeiro, Nina Queiroga, diz que esse aumento pode estar relacionado às violações que elas sofrem em seus países. Ela cita a República Democrática do Congo, um dos países com maior número de pedidos de refúgio no Rio de Janeiro, que passa por uma guerra há 20 anos e que já deixou 6 milhões de mortos.

"Dentro dessa guerra, a gente percebe que as violações causadas contra a mulher tem muito pouca responsabilização e muito pouco combate. Então, há uma relação na medida em que existe uma presença maior de pedidos de refúgio de congoleses de maneira geral. Também tem a hipótese de que as mulheres estão entendendo melhor os seus direitos e buscando novas realidades de apoio e refúgio".

Violência institucionalizada

Há dois anos no Brasil, Mireille Muluila diz que no Congo, seu país de origem, a violência contra a mulher é institucionalizada, tanto como uma arma da guerra, onde os estupros são feitos pelas milícias rebeldes, como dentro de casa, onde a cultura local coloca a mulher totalmente submissa ao marido.

“Várias mulheres e crianças sofrem estupros e violações por causa da guerra, é usado como uma forma de impor o terror, mas dentro de casa também acontece, pelos maridos. O estupro pode acontecer na rua, mas também com alguém que você conhece, como o marido que força a mulher a fazer sexo, mesmo se ela não quer, inclusive bate nela por causa disso".

Mireille relatou que são comuns no Congo casamentos forçados, inclusive com meninas na pré-adolescência. Ela diz que, muitas vezes, a mulher é obrigada a fugir dos rebeldes com a roupa do corpo e sem conseguir encontrar com seus familiares para planejar a saída do país.

“O que está acontecendo no meu país está fazendo com que essas mulheres saiam de lá. Quando acontece uma violência contra a mulher ou outra pessoa da família, como a mãe ou a filha, ela tem que fugir com as pessoas que estão com ela, mas é difícil, porque a chegada dos rebeldes pode acontecer num momento em que a mulher não está em casa e ela tem que sair do jeito que está, sem poder voltar para casa. Isso faz com que várias mulheres estejam fugindo de seus países e pedindo refúgio, como aqui no Brasil".

Solidariedade transnacional

Casos como o de Mireille levaram um grupo de mulheres a registrar essas histórias. Uma das responsáveis pelo projeto, Luciana Salvatore, diz que a aproximação começou com oficinas de cartas e evolui para o filme Travessias, que foi mostrado no debate.

“A ideia é que essas mulheres pudessem expressar, por meio da carta, seus sentimentos mais profundos, mais íntimos. O filme passou por essa necessidade nossa de conhecer essas mulheres e ir ao encontro com elas e entender esse universo mais íntimo que é nosso, que é delas, de todas as mulheres. É todo um trabalho de não violência e superação dentro do universo feminino. A violência é semelhante no sentimento. Uma mulher violentada terá o mesmo sentimento em qualquer parte do mundo".

Integrante do coletivo Não me Kahlo, Bruna Rangel apresentou dados sobre a violência contra a mulher no Brasil, para todas se unirem no combate às violações de direitos.

"Os dados da violência contra a mulher no Brasil obviamente também vão afetar a vida dessas mulheres que agora também fazem parte da nossa sociedade. Elas contribuem trazendo as experiências delas e dos países delas, mas principalmente da gente ter atenção com elas, o que a gente pode fazer por elas. É uma questão de união entre mulheres, a gente percebe que tem uma participação no Congresso muito pequena e tem uma dificuldade imensa de implementar políticas públicas, então, o apoio da sociedade civil é extremamente importante”.

O debate ocorreu dentro da campanha internacional 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.

Reportar Erro
Digix - Julho24

Deixe seu Comentário

Leia Também

Dona Neli e seus netos
Comportamento
JD1TV - Dia dos Avós: Vovó Neli ensina receita de 'cueca virada' ao lado dos netos
Remco Evenepoel
Esportes
Ciclista belga detona qualidade de percurso das Olimpíadas
Foto: Divulgação
Geral
Brasil Ride Bonito 2024 começa na próxima semana
Foto: CBMMS/Gretap
Geral
Operação Pantanal: Equipes combatem o fogo próximo a fazendas em MS
Foto: Sinergia-MS
Geral
Empresa abre vagas para eletricistas e operador de munck na Capital
Foto: Chico Ribeiro
Geral
Para captar investimentos, Estado institui a Invest MS
Rose Modesto falou sobre a possível pré-candidatura
Justiça
Juiz proíbe Rose Modesto de impulsionar propaganda negativa contra administração
Sargento da PMMS é preso após condenação por furto de celular em ocorrência
Justiça
Sargento da PMMS é preso após condenação por furto de celular em ocorrência
Urna eletrônica
Justiça
Justiça eleitoral 'barra' divulgação de pesquisa em Campo Grande
Lotofácil da independência pode pagar R$ 200 milhões; maior prêmio da história
Geral
Lotofácil da independência pode pagar R$ 200 milhões; maior prêmio da história

Mais Lidas

Happy Land, Mundo Encantado da Disney, em Brasília
Comportamento
Um pedaço da Disney em Campo Grande? Parque e personagens chegam em agosto
Centro de Campo Grande
Cidade
Campo Grande lidera ranking de capital mais competitiva em Capital Humano do Centro-Oeste
Escola Sesi oferta 104 vagas de gratuidade integral na educação básica
Educação
Escola Sesi oferta 104 vagas de gratuidade integral na educação básica
Desembargador aposentado Paulo Alfeu Puccinelli, foi Vice-Presidente do TJMS no biênio 2009-2011 -
Justiça
MP pede nova perícia financeira em ação contra desembargador que 'favoreceu' Jamil Name