A Índia, atualmente o país mais populoso do mundo com 1,46 bilhão de habitantes, enfrenta um declínio expressivo em sua taxa de natalidade. Segundo o relatório de 2025 do Fundo de População da ONU, a taxa total de fertilidade do país caiu para menos de dois filhos por mulher, abaixo do nível de reposição populacional em um cenário marcado por forte crescimento econômico e urbanização acelerada.
Diante desse panorama, Mohan Bhagwat, chefe do Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), organização nacionalista hindu com forte influência política e ideológica, alertou sobre os riscos de longo prazo dessa tendência demográfica. Em discurso na quinta-feira (28), durante uma palestra que marcou os 100 anos da fundação do RSS, ele defendeu que as famílias indianas tenham três filhos, como forma de garantir uma população “controlada, mas suficiente”.
“Cada família deveria ter três filhos e se limitar a isso, no interesse nacional”, afirmou Bhagwat. A declaração reflete uma crescente preocupação entre líderes nacionalistas e setores conservadores sobre a estabilidade demográfica, a capacidade de defesa nacional e a preservação da identidade cultural indiana.
Apesar de o RSS se definir oficialmente como uma organização cultural voltada à promoção dos valores hindus, ele exerce enorme influência no governo do primeiro-ministro Narendra Modi, cujo partido, o Bharatiya Janata Party (BJP), tem raízes ideológicas no próprio grupo. Muitos dos principais ministros de Modi, incluindo ele próprio, são membros de longa data do RSS.
Bhagwat também destacou que a queda nas taxas de natalidade afeta todas as religiões, inclusive os hindus, embora o discurso de setores nacionalistas frequentemente tenha apontado a maior fecundidade de minorias religiosas, como os muçulmanos, como um fator de desequilíbrio demográfico. No entanto, dados oficiais mostram que os muçulmanos indianos também estão tendo menos filhos do que no passado.
Em resposta às acusações de intolerância religiosa, Bhagwat afirmou que o RSS não se opõe a minorias como os muçulmanos — que representam cerca de 14% da população do país — e ressaltou a necessidade de união e confiança entre os diferentes grupos religiosos.
“Nossos ancestrais e nossa cultura são os mesmos. As práticas de culto podem ser diferentes, mas nossa identidade é uma só. Mudar de religião não muda a comunidade”, disse. “A confiança mútua deve ser construída por todos os lados. Os muçulmanos devem superar o medo de que unir forças com outros possa apagar seu islamismo.”
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Mohan Bhagwat, chefe da organização nacionalista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (REUTERS/Adnan Abidi)




