O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), arquivou na terça-feira (26), a segunda tentativa de criar a chamada CPI da "Lava Toga". O objetivo era investigar o chamado “ativismo judicial” em tribunais superiores. Os autores da proposta acusaram pressões do governo e de integrantes do Supremo Tribunal Federal para esvaziar o pedido.
Embora a CPI tenha obtido o número mínimo de apoios no Senado – 29 assinaturas –, Alcolumbre citou parecer técnico da consultoria legislativa para justificar o arquivamento.
“Considerando que o requerimento não reúne os pressupostos constitucionais e regimentais de admissibilidade, determino o seu arquivamento”, disse. De acordo com documento, nenhum dos 13 fatos elencados no pedido de abertura da CPI poderia ser investigado pelos senadores. Entre os motivos está a impossibilidade, prevista na Constituição, de o Legislativo avaliar decisões do Judiciário.
“Constatamos que muitos dos fatos descritos nos requerimentos se voltam contra decisões proferidas por membros do Poder Judiciário em processos concretos e identificados”, disse o presidente do Senado.
Parecer da CCJ
A medida de Alcolumbre, no entanto, não é definitiva. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ainda dará um parecer sobre o arquivamento, que será posteriormente votado no plenário da Casa. Na avaliação de senadores que apoiaram a comissão, porém, a chance de reverter a decisão no plenário da Casa é pequena.
Ao defender que a CPI fosse "enterrada", o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que este não seria o momento de acirrar os ânimos entre o Legislativo e o Judiciário. “Vamos aqui pregar a harmonia entre os Poderes. Tem outros instrumentos e outras formas de condenar os excessos. Mas não é abrindo mais uma frente de batalha institucional”, disse Bezerra.
Pressão
Segundo o autor do pedido, senador Alessandro Vieira (PPS-SE), pressões externas influenciaram na decisão de Alcolumbre. “Tem pressão absurda do Supremo Tribunal Federal, a pressão absurda de setores do empresariado, pressão absurda de setores do Poder Executivo”, afirmou.
A primeira tentativa de levar a CPI adiante ocorreu ainda no mês passado, mas fracassou após três senadores recuarem e retirarem suas assinaturas. Na ocasião, conforme o Estado revelou, houve atuação de ministros do Supremo para convencê-los a não apoiar a CPI.
Eleito com um discurso de alternativa à chamada “velha política” e com a ajuda das mídias sociais, o presidente do Senado vinha sendo cobrado nas redes para dar andamento à comissão. Alcolumbre é alvo de duas investigações no Supremo. As apurações se referem a uso de documento falso e de notas fiscais frias para prestação de contas, além de ausência de comprovantes bancários e contratação de serviços posterior à data das eleições. Ele nega irregularidades.
Após o arquivamento, parlamentares protestaram no plenário da Casa. “Eu achava que só Deus não podia ser investigado. Mas parece que o Judiciário também não”, disse o senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
Outros, por outro lado, apoiaram. “Queria pedir a Vossa Excelência que não transforme esta Casa em uma bastilha. É um momento de pacificação, e nós estamos conseguindo manter isso de uma forma serena”, afirmou Eduardo Girão (Podemos-CE).
Reportar ErroDeixe seu Comentário
Leia Também

Flávio Bolsonaro confirma candidatura à Presidência em 2026

PSDB define nova executiva em MS com Beto Pereira na presidência

Maduro pede apoio de brasileiros no mesmo dia de ataque dos EUA

LDO 2026 é aprovada com superávit previsto de R$ 34,3 bilhões

"Delirante", diz Marquinhos ao processar Adriane por fala em rádio sobre manifestação

Decisão de Gilmar Mendes provoca reação intensa entre parlamentares

Termo de Compromisso assinado em Campo Grande assegura Passe do Estudante em 2026

Câmara analisa projetos sobre habitação, educação especial e transparência

ALEMS analisa 11 propostas na sessão ordinária desta quinta-feira


O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (esq.), conversa com o senador Flávio Bolsonaro (PSL) durante sessão (Jefferson Rudy/ Agência Senado)



