O jornalista e publicitário Eduardo Guedes, um dos réus do processo, atua nos bastidores e na etapa inicial da campanha do político como um de seus mais próximos conselheiros.
Antigo colaborador das campanhas eleitorais dos tucanos em Minas Gerais, Guedes é também um dos sócios da Pensar Comunicação Planejada, empresa contratada para prestar consultoria de comunicação ao PSDB, presidido por Aécio Neves.
Na peça em que pede a condenação do ex-governador de Minas e atual deputado Eduardo Azeredo (PSDB) a 22 anos de prisão, a Procuradoria Geral da República diz que Guedes determinou à Copasa, a Comig e ao Bemge, órgãos estaduais, que dessem R$ 3,5 milhões (R$ 9 milhões nos valores de hoje) a SMP&B para patrocínio de evento esportivo.
À época, ele era secretário-adjunto de Comunicação do governo mineiro. O valor, segundo a Procuradoria, acabou sendo desviado pelo suposto esquema.
Com esse dinheiro, segundo as investigações, o empresário Marcos Valério, da SMP&B, forjou empréstimos fraudulentos para justificar o seu uso na campanha à reeleição de Azeredo, em 1998. Esquema semelhante foi usado por Valério, anos depois, no mensalão do PT, motivo pelo qual ele acabou condenado no STF (Supremo Tribunal Federal).
Os ofícios assinados por Guedes, determinando o repasse, são o que os juristas chamam de "ato de ofício", que comprovaria o crime. Acusado de peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro, seu processo tramita na primeira instância da Justiça mineira.
Eduardo Pereira Guedes Neto, 52, tem a confiança do presidenciável e de sua irmã, Andrea Neves, responsável pela imagem política do senador. Guedes já foi casado com Heloísa Neves, auxiliar de Andrea e atual assessora de imprensa de Aécio. Em 2005, quando estourou o escândalo, Eduardo Guedes era subsecretário de Comunicação do governo de Aécio. Foi exonerado, mas logo voltaria a trabalhar com ele.
Comunicação
Em 2010, Guedes atuou na campanha que elegeu Antônio Anastasia governador e que levou Aécio ao Senado. Desde 2011, quando o mineiro assumiu o papel de presidenciável, ele tem participado das campanhas de comunicação do partido. Em 2012, em Brasília, Guedes dividiu as atenções com Aécio em ato de marketing político do PSDB. Na ocasião, palestrou sobre "como fazer uma campanha competitiva".
Outro lado
O senador Aécio Neves informou, por meio de sua assessoria, que "não há nenhuma decisão judicial contra o citado jornalista", referindo-se à atuação de Eduardo Guedes como um de seus assessores políticos.
Segundo o senador, a empresa de Guedes presta serviços ao PSDB desde 2009, quando ele não havia assumido a direção do partido. O político também ressaltou que ainda "não tem marqueteiro contratado".
Por e-mail, Eduardo Guedes informou que "tem a consciência tranquila de quem não cometeu irregularidade", por isso "não tem constrangimento" ao assessorar Aécio Neves. Ele disse ter trabalho "para diferentes partidos, instituições, lideranças e empresas privadas" ao longo de 27 anos de carreira, e que essas acusações provocaram "prejuízos pessoais e profissionais incalculáveis".
Ainda sobre o processo do mensalão tucano, no qual é réu, Eduardo Guedes classificou as afirmações da Procuradoria de "descabidas e injustas". Ele disse estar ansioso para, "pela primeira vez", "oferecer à Justiça" de Minas sua defesa sobre o caso.Reportar Erro
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Aécio Neves (centro) durante reunião da Executiva do PSDB em Brasília. (Foto: Sérgio Lima/Folhapress) 




