O segundo dia do julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de participação em uma trama golpista após as eleições de 2022 foi dedicado às sustentações orais das defesas do ex-presidente e de três generais.
A sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ocorreu apenas na manhã desta quarta-feira (3), com quase quatro horas de duração.
A defesa de Bolsonaro, representada pelos advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno, insistiu na tese de inocência e afirmou que “não há uma única prova” que ligue o ex-presidente aos atos de 8 de janeiro ou a supostos planos golpistas.
Também questionou a validade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, apontando contradições e alegando que o militar foi “induzido” a implicar Bolsonaro.
Vilardi disse ainda que o processo avançou rápido demais, impedindo a análise de todas as provas — que somam mais de 70 terabytes de dados.
A defesa também tentou desqualificar a chamada “minuta do golpe”, negando reuniões para discutir ruptura democrática. Os advogados pediram a absolvição do ex-presidente e classificaram como desproporcional a possibilidade de pena de 30 anos de prisão.
Defesa dos generais também rejeita acusações
O general Walter Braga Netto, preso no Rio de Janeiro, foi defendido por José Luís Oliveira Lima, que afirmou que a delação de Cid “não fica em pé” e não pode sustentar uma condenação.
Ele negou que Braga Netto tenha levado recursos para financiar atos golpistas e disse que as acusações carecem de provas concretas.
No caso do general Augusto Heleno, a defesa, conduzida por Matheus Mayer Milanez, argumentou que o ex-ministro do GSI não pressionou militares e já estava afastado do círculo de confiança de Bolsonaro no fim de 2022.
O advogado questionou ainda o papel do relator, ministro Alexandre de Moraes, afirmando que um juiz não pode se tornar “protagonista do processo”.
Já a defesa do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, representada por Andrew Fernandes, sustentou que ele não participou de qualquer articulação golpista e, ao contrário, tentou demover Bolsonaro de iniciativas nesse sentido.
O advogado disse que ataques sofridos por Nogueira de outros militares seriam prova de sua não adesão ao grupo investigado.
Acusações da PGR
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Bolsonaro foi planejador, dirigente e executor da tentativa de golpe, liderando uma organização criminosa baseada em um “projeto autoritário de poder”.
Já os generais são acusados de integrar o núcleo estratégico do esquema, com diferentes papéis:
- Braga Netto teria coordenado ações mais violentas e articulado diretamente com manifestantes;
- Augusto Heleno é apontado como integrante do núcleo estratégico, com indícios de envolvimento em documentos apreendidos;
- Paulo Sérgio Nogueira teria buscado apoio das Forças Armadas para sustentar a ruptura institucional.
Próximos passos
O julgamento será retomado apenas na próxima terça-feira (9), a partir das 9h, com a leitura do voto do relator Alexandre de Moraes.
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Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, no segundo dia de julgamento no STF (Rosinei Coutinho/STF)



