O atendimento à população indígena no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) registrou crescimento expressivo nos últimos anos e reforçou o papel da unidade como referência nacional em saúde indígena. De janeiro a novembro de 2025, foram realizadas 1.773 consultas para esse público, número quase três vezes maior que o registrado em todo o ano de 2022, quando houve 620 atendimentos. O aumento representa um crescimento aproximado de 186%.
No mesmo período, as internações de pacientes indígenas também avançaram. Em 2022, foram contabilizadas 1.094 internações, enquanto, até novembro de 2025, o número chegou a 1.302. Os dados fazem parte do panorama assistencial indígena apresentado pelo Comitê de Saúde Indígena do hospital durante a reunião semestral de monitoramento do Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI), realizada no dia 18 de dezembro.
A análise aponta ainda uma sazonalidade da demanda, com meses que ultrapassaram a marca de 200 atendimentos em 2025. O perfil dos casos atendidos mostra concentração em especialidades obstétricas, neonatais e respiratórias, além do acompanhamento de condições crônicas, como hipertensão e diabetes durante a gestação.
Além do crescimento nos números, o hospital tem investido em práticas de cuidado intercultural. Entre as ações adotadas estão a contratação de intérpretes da língua guarani, a ampliação da comunicação entre equipes de saúde e comunidades indígenas e a adoção de materiais educativos bilíngues. Também houve melhorias na ambiência hospitalar, com sinalização adaptada e reconhecimento da presença de cuidadores tradicionais e lideranças espirituais no ambiente de internação.
Segundo a coordenação do Comitê de Saúde Indígena, o monitoramento tem como objetivo avaliar o cumprimento das metas pactuadas, garantir a continuidade do repasse de recursos federais e qualificar o atendimento especializado. O relatório é elaborado com base em dados oficiais do SUS, como os sistemas de informação ambulatorial e hospitalar, além de registros institucionais e avaliações técnicas.
Representantes do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul, do controle social e das comunidades indígenas participaram da reunião e destacaram avanços no acesso e na qualidade do atendimento. Apesar dos resultados positivos, o hospital aponta desafios, como a necessidade de ampliar o financiamento, expandir a capacidade de atendimento diante da alta demanda e consolidar protocolos interculturais e ações de telessaúde.
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Reunião realizada no dia 18 de dezembro teve como foco a avaliação das ações (Foto: Ebserh)



