Quando exibiu o número de 400 milhões de aparelhos iOS (iPhones, iPads e iPods Touch) vendidos até junho, o presidente da Apple, Tim Cook, chamou ao palco o vice-presidente de marketing mundial, Phil Schiller, para falar do iPhone. “Nós lançamos o iPhone em 2007”, relembrou Schiller entusiasmado, antes de apresentar a sexta geração do smartphone, o iPhone 5. “Foi um avanço incrível.”
Quando o iPhone surgiu, a interface gráfica e a tela sensível ao toque que substituía os botões com comandos naturais dos dedos eram diferentes de tudo que havia no mercado. Porém, não estamos mais em 2007. Nestes cinco anos, o iPhone avançou aos poucos, mas não é muito diferente do aparelho que foi capa da revista Time naquela época, como a “invenção do ano”.
O iPhone 5 não tem algumas das características existentes nos concorrentes, como a tecnologia que permite o pagamento digital ou o carregamento sem fio. Além disso, a tela maior, a conexão LTE de quarta geração e a espessura menor eram características já presentes em celulares da Samsung, por exemplo. Não foram tendências lançadas por aquela que foi a pioneira nesse tipo de aparelho.
Novos e importantes recursos foram acrescentados ao iPhone ao longo do tempo. Com processadores mais potentes, o aparelho passou a desempenhar funções de maneira cada vez mais rápida. A câmera ganhou mais megapixels e uma assistente de voz que conversa com o usuário, Siri, apareceu no iPhone 4S. Internamente, o telefone ficou mais robusto.
Mas as mudanças, em geral, estão longe da revolução do primeiro iPhone em 2007, apesar da expectativa dos consumidores em todo lançamento que envolve o nome da Apple.
Na apresentação do iPhone 4S, em outubro do ano passado, a hashtag #iPhone4Sfail tomou conta do Twitter. Mesmo assim mais de 4 milhões de unidades foram vendidas apenas nos três primeiros dias. Na semana passada, depois de a Apple apresentar o iPhone 5, o Wall Street Journal perguntava, no título da reportagem: “O iPhone 5 é entediante?”.
Revolução
A Apple estaria passando as credenciais de inovadora a outras companhias? Ou os avanços no mercado de smartphones atingiram seu ápice e não há mais onde inovar de verdade? Esperar a revolução de apenas uma companhia nesse segmento é exigir demais, segundo David Charron, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley (região metropolitana de São Francisco), que estuda inovação e empreendedorismo. “A Apple tem feito um trabalho incrível ao incrementar a principal linha de produtos da companhia que mantém a base de sua audiência: seus fiéis.”
Para o professor, a empresa está na posição em que deseja e o iPhone 5 é o melhor exemplo disso. “Apesar de a inovação não passar de incrementos, se você é um fiel da Apple, você vai querer. E, se você não está seguro em relação às alternativas, você vai considerar ter um (iPhone 5).”
A ideia de que a Apple terá sempre mercado consumidor, faça o que fizer, se explica pelos números da companhia. O iPad é responsável por 91% do tráfego da web em tablets; 84 milhões de iPads foram vendidos até junho; e as lojas da empresa receberam cerca de 83 milhões de visitantes no segundo trimestre.
Em participação no mercado mundial, a companhia só perde para o Android, que ficou com a fatia de 68,1%, no segundo trimestre , ante 16,9% dos produtos Apple, de acordo com a empresa de pesquisa IDC.
Correr literalmente atrás de recursos lançados por concorrentes como a Samsung é algo que todos já perceberam. “Mas quem se importa com isso?”, questiona Charron.
Analistas ouvidos pelo New York Times acreditam que o iPhone 5 mostra como a Apple lida cuidadosamente com as novas tecnologias até estar certa de que produzirá o melhor aparelho possível. Os primeiros aparelhos a suportar a tecnologia de transmissão de dados LTE, por exemplo, foram duramente criticados por ter baixa duração da bateria, lembra o jornal.
A revolução no mundo dos smartphones, na avaliação de Charron, não virá do iPhone nem do Android. “Serão os usuários e os desenvolvedores”, diz o professor. Ele diz esperar ver um conjunto de aplicativos que vão fazer o telefone ser mais que um simples telefone. Alguns apps já indicam essa tendência, como programas para área da saúde que fazem um diagnóstico para o paciente, o colocam em contato com médicos e funcionam como meio de pagamento.
O universo dos aplicativos, aliás, foi o assunto que abriu o evento que apresentou o iPhone 5, em São Francisco. “A App Store é o ecossistema de aplicativos mais vibrante do mundo”, disse Tim Cook, antes de anunciar que a loja havia atingido a marca de 700 mil aplicativos. “A AppStore é um lugar para todos nós”.
O que mudou
O iPhone 5 tem tela maior (4 polegadas) e é mais comprido (12,38 cm), embora a largura seja igual. Tem uma entrada menor para o cabo, acabamento de alumínio e conexão 4G LTE. Também usa um processador mais rápido e nano-SIM.
Preço e venda
Nos EUA, estará à venda a partir do dia 21.
Desbloqueado, custará US$ 649 (16GB), US$ 749 (32GB) e US$ 849 (64GB). Mas no dia só os modelos com contrato com operadoras do país devem ser vendidos.
Via Estadão
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