Menu
Menu
Busca sábado, 06 de dezembro de 2025
CCR Vias - Movida - Nov-Dez25
Política

"Anticrime e Anticorrupção têm retrocessos", diz Fábio Trad

Projeto de Lei "precisa ser revisado", afirmou o parlamentar em audiência

25 abril 2019 - 09h11Priscilla Porangaba, com informações da assessoria    atualizado em 25/04/2019 às 09h18

Uma audiência na Câmara dos Deputados em Campo Grande reuniu parlamentares para debater o pacote anticrime e anticorrupção (PL 882/19) proposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. 

O deputado Fábio Trad integrante titular do colegiado e mestre em Direito Penal, destacou a afronta ao princípio constitucional da soberania dos vereditos, que sujeita os réus a novo julgamento, art. 593, III, do Código de Processo Penal, quando se tratar de decisão contrária à prova dos autos.

Ele também falou dos dispositivos do pacote anticrime que limitam recursos processuais, como o que impõe limitações aos embargos infringentes, recurso cabível contra acórdão não unânime, e o que acaba com o efeito suspensivo do recurso da pronúncia, decisão que determina o julgamento por júri popular.

Para Trad, a criação de mecanismos de celeridade na tramitação dos procedimentos criminais pode reduzir o sentimento de impunidade criado pela demora na condenação dos réus.

“Existe uma cláusula pétrea que garante não haver prisão antes do trânsito em julgado, ou seja, antes de esgotado o processo na Justiça. Ser uma cláusula pétrea significa que não se pode modificar este princípio sem que haja mudanças na legislação e não se deve mudar legislação em nome de um problema operacional. Sugiro, isso sim, que abrevie-se o número de recursos no novo Código Penal”, explicou.

Trad perguntou a um dos convidados, o advogado e doutor em Direito Penal pela Universidade de São Paulo Alberto Zacharias Toron, sobre os perigos do superencarceramento que pode ser gerado a partir da lógica repressivo-punitivista do pacote anticrime.

Toron concordou e acrescentou que aumentar o tempo de prisão e limitar as possibilidades de liberdade condicional não contribuirá para a redução da criminalidade no país e ainda poderá fragilizar direitos e garantias individuais do cidadão.

“Essa lógica da intimidação geral, da eficácia repressiva, é muito boa para vender livro e se eleger, mas, concretamente, o aumento nominal das penas, por si só, desacompanhado de outras instâncias, como investimento em educação, esporte, na área social, em medidas de ressocialização, não tem eficácia, não funciona”, disse.

A professora de Direito Penal e Criminologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luciana Boiteux explicou que o encarceramento pode contribuir para o fortalecimento de organizações criminosas nos presídios.

“Quem vai para a cadeia é o pequeno traficante. Isso não impacta o tráfico nem as organizações criminosas”, declarou ela, ao lembrar que o tráfico de drogas é considerado crime hediondo desde 1988. “Não há evidências que comprovem relação entre o aumento de pena e a redução da criminalidade. Mesmo nos Estados Unidos o aumento das punições está sendo reavaliado, porque tem custo alto e não atende às expectativas”.

Para a professora, falta investigação para se chegar aos grandes traficantes. “A legislação vigente não diferencia claramente usuários e traficantes.”

A possibilidade de ampliação do chamado, instituto da legítima defesa, também gerou debate entre o grupo, com muitas indagações. O professor Toron disse que "ampliar o conceito de legítima defesa para abrigar situações de medo e violenta emoção é dar uma espécie de carta branca para que se possa matar”, comentou. 

O pacote anticrime estabelece que o juiz poderá reduzir a pena até a metade ou mesmo deixar de aplicá-la se o homicídio acontecer por conta de “medo, surpresa ou violenta emoção do autor”.  Enquadra-se o ato do policial que pretenda prevenir agressões, mesmo que o crime ou delito ainda não tenha sequer ocorrido.

Fábio Trad também questionou o presidente da Federação Nacional Sindical dos Servidores Penitenciários (Fenaspen), Fernando Ferreira Anunciação, sobre as razões do alto número de presos no sistema penitenciário.

“Os números são alarmantes, é preciso investir na polícia, nos agentes penitenciários e nas penitenciárias. Com o perdão da palavra, mas como um homem ou mulher se recuperam naquele “lixo” de lugar para posteriormente serem reintegrados à sociedade? E quando sai da prisão não arruma emprego e volta a praticar delitos. Aí tanto a taxa de reincidência como a de evasão serão sempre altas mesmo, infelizmente”.

O grupo de trabalho também discutiu sobre os PLs 10372/18 e 10373/18, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Reportar Erro
Energisa Nov-Dez 25

Deixe seu Comentário

Leia Também

Foto que Flavio publicou durante anuncio
Política
Flávio Bolsonaro confirma candidatura à Presidência em 2026
Deputado estadual, Beto Pereira
Política
PSDB define nova executiva em MS com Beto Pereira na presidência
Nicolas Maduro
Internacional
Maduro pede apoio de brasileiros no mesmo dia de ataque dos EUA
Entre os principais pontos, a LDO prevê um superávit de R$ 34,3 bilhões
Política
LDO 2026 é aprovada com superávit previsto de R$ 34,3 bilhões
Marquinhos Trad e Adriane Lopes
Justiça
"Delirante", diz Marquinhos ao processar Adriane por fala em rádio sobre manifestação
Renan Contar, Tereza Cristina, Rodolfo Nogueira, Marcos Pollon, Luiz Ovando
Política
Decisão de Gilmar Mendes provoca reação intensa entre parlamentares
Foto:
Educação
Termo de Compromisso assinado em Campo Grande assegura Passe do Estudante em 2026
Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campo Grande
Política
Câmara analisa projetos sobre habitação, educação especial e transparência
ALEMS analisa 11 propostas na sessão ordinária desta quinta-feira
Política
ALEMS analisa 11 propostas na sessão ordinária desta quinta-feira
Câmara aprova isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos
Política
Câmara aprova isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos

Mais Lidas

Dupla foi presa em flagrante pelo homicídio
Polícia
Mulher foi assassinada na BR-262 pela prima após descobrir drogas em guarda-roupa
Imagem ilustrativa
Polícia
Mulher é presa por cortar virilha do filho de 6 anos para evitar abuso
Mária de Fátima, morta pela prima e jogada na BR-262, em Campo Grande
Polícia
Morta pela prima, mulher se refugiava na Capital após fugir de violência doméstica em MG
Divulgado lista de inscritos para apartamentos no Jardim Antártica
Cidade
Divulgado lista de inscritos para apartamentos no Jardim Antártica