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Agronegócio

Pequenos produtores aderem à agricultura de precisão

A técnica de Agricultura de Precisão (AP), garantiu uma economia expressiva nos insumos para lavoura de soja

18 novembro 2018 - 10h29Da Redação com Assessoria    atualizado em 18/11/2018 às 11h16

No município de Itaporã, dois pequenos produtores atendidos pela Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) aderiram à técnica de Agricultura de Precisão (AP), a fim de garantir economia expressiva nos insumos para lavoura de soja, safra 2018/19.

O resultado foi uma economia brusca, com redução de mais de 50% na necessidade de aplicação de calcário. Enquanto a área de cultivo do produtor Wanter Sena acusava, na recomendação convencional, a obrigação de aplicar 28 toneladas de calcário, com a agricultura de precisão foram indicados apenas quatro toneladas. O mesmo aconteceu com o agricultor familiar Paulo Victor Martinez, que teria de comprar 26 toneladas de calcário, e após a técnica viu o índice cair para somente 9,4 toneladas, cerca de 720 kg por hectare.

Como o próprio significado implícito na palavra “precisão” traz, trata-se de uma prática que lança mão de ferramentas tecnológicas com o propósito de racionalizar o uso dos recursos naturais e insumos agrícolas, uma alternativa para aumentar a produção de alimentos de forma a interferir positivamente sobre a gestão dos recursos naturais.

“Procurei a Agência, levei o resultado de uma amostra de solo para ser analisada. O resultado final de recomendação de calcário foi de 28 toneladas na área total, com uma média de 3,64 toneladas por hectare”, afirma o agricultor Wander Sena, que buscou o serviço da Agraer para obter orientações técnicas sobre correção de solo.

Todo o trabalho foi executado pelo engenheiro agrônomo da Agraer de Itaporã, Douglas Pellin. “Solicitei a ele que fizesse outra coleta de solo, porque eu sabia que o terreno possuía algumas manchas de produtividade, desconfiei da necessidade de aplicar tanto calcário”.

Pellin, explica que na propriedade, com área de cultivo de 7,69 hectares, foi coletada amostras georreferenciadas em uma área de dois hectares, na qual foram coletados quatro amostras ao invés de uma única como o próprio produtor havia feito.

“Segui uma metodologia de coleta tradicional da agricultura de precisão. Para cada ponto amostrado, em um raio de 30 metros do ponto central, coletei amostras de 0 a 20 cm de profundidade e, no ponto central, uma amostra de 0 a 20 cm e outra de 20 a 40 cm. Usei uma sonda para não haver contaminação em profundidade. As amostras coletadas foram georreferenciadas através de um GPS, identificadas e enviadas para análise em um laboratório”.

Com os resultados em mãos, Douglas fez uso de uma planilha no Excel. “Fiz uma estatística em cima das informações laboratoriais. Posteriormente, em um software, emiti os mapas de variabilidade de cada nutriente, acidez do solo – pH, o fósforo, potássio, e cálcio, por exemplo. Após isso, foram gerados mapas de recomendação de correção da acidez do solo com aplicação de calcário, e outros produtos como gesso, enxofre, micronutrientes”, detalha.

Observando o mapa de calcário na propriedade de Walter Sena, Pellin aponta que foram apresentadas áreas sem coloração (branco), ou seja, faixas que não necessitavam de correção, enquanto em outros pontos do mapa acusavam áreas com coloração vermelha, o que pedia uma dose de 940 a 1330 Kg do produto por hectare. “Provavelmente foi nessa mancha que o produtor coletou a amostra convencional que pediu as 28 toneladas em área total. E, quando se compara o mapa de aplicação de potássio, a diferença ficou ainda maior devido ao alto custo da tonelada do KCI, cloreto de potássio”, justifica o engenheiro agrônomo.

De acordo com Pellin, a recomendação em cima do mapa de AP para a área de 7,69 hectares foi de apenas 762 Kg de cloreto de potássio. “Hoje para nossa região, o produto custa em torno de R$ 2.160,00 a tonelada. Multiplicando pela recomendação média da análise convencional, o produtor teria um custo de R$ 4.152,60 e para a recomendação pela agricultura de precisão, o custo caiu para R$ 1.645,00 com diferença de R$ 2.507,00, ou seja, 60% a menos ou 33 sacas de soja.

Somando-se a economia com calcário e cloreto de potássio, em 7,69 hectares o produtor Wander Sena deixou de gastar R$ 4.717,00 ou 62 sacas de soja. “Sobrará dinheiro para aquisição de um produto a base de enxofre para aplicação em cobertura, que suprirá a planta no seu estágio de maior consumo de nutriente, na floração”.

O resultado final que se espera com todo esse trabalho empregado em 7,69 hectares é a produção de no mínimo 655 sacas de soja, com uma média de 85 sacas por hectare.

Um cenário vantajoso também é visto nas terras do produtor Paulo Victor Martinez, que também adotou a técnica em uma área de 13 hectares e viu a diferença logo de cara na recomendação do calcário. “Se antes eu teria de comprar 26 toneladas em área total, com a adesão da agricultura de precisão, bastou investir em 9,4 toneladas, 720 quilos por hectare”, contabiliza.

O trabalho promoveu a poupança de R$ 1.892,40 com calcário. “Com esse dinheiro, posso usar na aplicação de correção de potássio e quem sabe, ainda, investir em outra coisa”, afirma o produtor que também é formado em engenharia agrônoma.

“Em termos gerais, a economia total do Paulo, somando calcário e potássio, chegou a R$ 9.380,00 em 13 hectares. E, esperamos uma produtividade de 85 sacas de soja por hectare”, garante Pellin.

A expectativa da Agraer é de que outros agricultores familiares despertem interesse para esse tipo de técnica. “Agricultura de precisão pode ser empregada do pequeno ao grande produtor, pois aos que não aderem ou não aderirem, em um futuro próximo, ficarão com suas médias por safra do jeito que estão ou até reduzidas”, avalia o engenheiro agrônomo.

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