Famoso por seus filmes um tanto bizarros, o diretor Harmony Korine retrata histórias de grupos de adolescentes que moram em uma cidade que foi devastada por um furacão. A história se passa em Xenia, Ohio, uma cidade existente e que foi realmente atingida por um tornado em 1974. Mas grande parte das gravações foi feita em Nashville, Tennessee. O filme traz uma estética hiper-realista e ao mesmo tempo surreal e trata de temas variados como homofobia, prostituição, abuso sexual, eutanásia e racismo, além de possuir uma concepção niilista.
O cenário ao qual somos apresentados é o de uma cidade totalmente destruída e bagunçada, assim como a vida de todas as pessoas que vivem ali. A destruição, além de material, é psicológica. O tédio, comum a todos os adolescentes, no filme parece se destacar e se exacerbar ainda mais. Numa cidade pequena onde não há nada para fazer, esses indivíduos se perdem, tentando se encontrar.
O foco é uma dupla de garotos que passa o dia cheirando cola e andando pela cidade de bicicleta, armados, à procura de gatos para matar e vender. A violência do cenário apresentado e da situação de vida dos personagens vai sendo desvendada muitas vezes através de depoimentos (que dão um tom de documentário) por vezes chocantes. O filme não tem narrativa linear. Há certa tensão sempre em torno das histórias. É bizarro, engraçado, estranho: trash. Temos um freakshow.
A mediadora Adrielly Vilela, acadêmica do curso de Letras (UFMS), acredita que o debate pode ser incentivado pelos temas retratados no filme, como a violência dos jovens. A exemplo disso há a matança de gatos; o racismo, admitido por habitantes da cidade; a homofobia; a eutanásia e abuso sexual.
A violência expressa em algumas cenas, reflexo da estupidez e ignorância do homem, a imposição da lei do mais forte sobre o mais fraco e o machismo são retratados em uma cena em que um grupo de muitos homens e algumas poucas mulheres bebem cerveja e discutem sobre força bruta.
“E ao final destroem uma simples cadeira como prova de sua força. A imposição da força humana sobre os "mais fracos", mulheres, crianças e animais, sempre existiu. A partir desta cena é possível propor um debate e comparar com situações reais, como os rodeios e violência doméstica”, explica a mediadora.
Apesar de todo o lixo que assola “Vidas Sem Destino”, a trama é tida como “um tapa na cara da sociedade”, com suas mazelas e hipocrisias. Temos, enfim, a ternura: Bunny Boy, que é um garoto com orelhas de coelho que ronda a cidade sem ter uma fala sequer em nenhuma cena, apesar de também marginalizado, é a melhor representação de ternura existente no filme.
A trilha sonora também funciona como elemento importante com músicas que vão desde death e black metal, músicas rápidas e caóticas que se incorporam perfeitamente à atmosfera criada em Gummo até um clima mais melancólico, com Roy Orbinson e Buddy Holly.
Em seu sétimo ano de atividades do Cinema (d)e Horror, projeto coordenado pela professora doutora Rosana Cristina Zanelatto Santos, da UFMS e por Carol Sartomen, mestre em Estudos de Linguagens pela UFMS, geralmente conta com duas exibições mensais e a participação de graduandos e mestrandos da área de Letras da UFMS ou convidados especiais para as exibições e debates.
Serviço
Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 3317-1795 ou no Centro Cultural José Octávio Guizzo, que fica localizado na rua 26 de Agosto, 453, entre as ruas Calógeras e a 14 de Julho. Ficha técnica: Vidas sem Destino (Gummo) 1997; Direção e Roteiro: Harmony Korine. Duração: 97 minutos.Reportar Erro
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(Foto: divulgação) 




