Menu
Menu
Busca segunda, 04 de novembro de 2024
TJMS restitua Nov24
Cultura

Volume reúne todos os versos de Paulo Leminski, expoente da poesia brasileira

17 fevereiro 2013 - 07h17

A Besta dos Pinheirais, Boia-Fria do Texto, Bandido que Sabia Latim ou Polaco Loco Paca, tradutor de Joyce, Petrônio e Mishima, faixa preta de judô, professor de cursinho, compositor parceiro de Caetano Veloso, Moraes Moreira e Itamar Assumpção, biógrafo de Trótski e de Jesus, roteirista de quadrinhos, ensaísta, jornalista, publicitário, contista, autor de infantojuvenis, romancista, o acima de tudo poeta Paulo Leminski, mestiço de negra e polonês, nascido na capital do Paraná sob os signos de Virgem e Macaco, escreveu para si o seguinte epitáfio:

"Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas".

Leminski (1944-1989) viveu pouco, 44 anos, mas o silêncio está longe de ser a maior de suas marcas.

Prova disso é um catatau laranja fosforescente de mais de 400 páginas que, com um desenho de seu característico abastado bigode na capa, chega às livrarias com o final deste fevereiro.

"Toda Poesia" reúne mais de 630 poemas do escritor, dos primeiros publicados, em edição artesanal, como "Quarenta Clics em Curitiba" (1976), aos póstumos de "Winterverno" (2001).

Fosse isso era muito, mas é quase. Com o livro, que rompe um comprido, aí sim, silêncio, já que os principais livros de poemas de Leminski estavam esgotados há décadas, também voltam textos importantes sobre o poeta.

Estão no volume ensaios de Caetano Veloso, comentando "Caprichos & Relaxos", de 1983 ("Este livro de poemas é uma maravilha"), de Haroldo de Campos, de Wilson Bueno e o precioso "ensaio bonsai" de Leyla Perrone-Moisés "Leminski, o Samurai Malandro" (de 2000).

"Olhe nos olhos dos poemas de Paulo Leminski e você verá que ele está por dentro, no centro. Tudo o que não interessa cai fora, sem demora", escreve Perrone-Moisés.

Alice Ruiz S, poeta, viúva do poeta e sua musa, assina o texto de apresentação do volume, lembrando com linguagem singela e emocionada a trajetória leminskiana.

Na breve introdução, não deixa de contar as dificuldades dele para começar a publicar e como o poeta encontrou na editora Brasiliense e em um de seus editores, Luiz Schwarcz, a primeira chance de edições nacionais.

Há 30 anos, Leminski publicou, com ele, "Caprichos & Relaxos", um best-seller, guardadas as proporções das vendas de poesia.

Coube ao mesmo Luiz Schwarcz trazer Leminski de volta. É por sua Companhia das Letras que sai a lírica completa do poeta.

VULCÃO

"Vulcão" é como o editor se lembra do escritor, com quem conviveu nos tempos de Brasiliense. "Ele nos ligava todos os dias e de vez em quando vinha a São Paulo e aparecia na editora com seus tamancos de madeira. Estava o tempo todo criando, como um Picasso que faz esculturas com palitos enquanto almoça", diz Schwarcz.

Além dos caudalosos 630 poemas publicados, Leminski teve uma produção difícil de encaixar em 44 anos de vida. Atividades muitas à parte, escreveu, além dos
19 livros de poemas, outros de prosa, incluindo o marco do romance experimental "Catatau" (1975), publicou nove traduções, dois livros para crianças, quatro breves biografias.

E assinou quantidade não calculada de letras de música (e algumas melodias).

O lado musical dele, que vem sendo cartografado por uma de suas filhas, Estrela, não entra em "Toda Poesia", mas no volume há um texto inédito de José Miguel Wisnik (que já musicou poemas do autor) sobre seu cancioneiro.

O próprio Wisnik deverá fazer uma aula-espetáculo na Casa das Rosas, em São Paulo, em meados de março, para comemorar o lançamento de "Toda Poesia".

Por "Toda Poesia", vale esclarecer, entende-se aquela que foi publicada. Não há inéditos, embora 11 poemas tenham saído só em edições caseiras no Paraná.

É, na visão de Alice Ruiz S, o extrato máximo do poeta: "A visão total do que foi a poesia para Leminski e do que é Leminski para a poesia".

QUASE INÉDITOS
Poemas pouco conhecidos, incluídos na antologia:

tão
alta
a
torre

até
seu
tombo
virou
lenda

vão é tudo
que não for prazer
repartido prazer
entre parceiros

vãs
todas as coisas que vão

eu vi o sol ao quadrado
o sol de olho saltado
multiplicado pelo sol

no campo
em casa
no palácio
está nas últimas
a última flor do lácio

cretino
beócio
palhaço
dê o último adeus
à última flor do lácio

a fogo
a laço
ninguém segura
a queda da última flor do lácio

Poemas de Paulo Leminski que compõem o livro "Toda Poesia" (Companhia das Letras)

Via Folha

Reportar Erro

Deixe seu Comentário

Leia Também

Antônia de Araújo
Cultura
JD1TV: Com velas e flores, Antônia segue a tradição do Dia de Finados
Netflix divulga o primeiro trailer da segunda temporada de Round 6; assista
Cultura
Netflix divulga o primeiro trailer da segunda temporada de Round 6; assista
Poeta Manoel de Barros
Cultura
Manoel de Barros será tema da Roda Acadêmica da ASL nesta quinta-feira
Festival de Dança Coreografada da Melhor Idade reúne idosos de 21 municípios
Cultura
Festival de Dança Coreografada da Melhor Idade reúne idosos de 21 municípios
Festival de Todos Povos
Cultura
Festival de Todos Povos começa nesta sexta em Dourados
Arte nas Estações
Cultura
Últimos dias! Exposição "Sofrência" vai até este sábado; confira programação
DJ une música e moda ao lançar coleção de roupas na Capital
Cultura
DJ une música e moda ao lançar coleção de roupas na Capital
MS Ao Vivo: Sem Alcione, mas com Dudu Nobre; show será no dia 24 de novembro
Cultura
MS Ao Vivo: Sem Alcione, mas com Dudu Nobre; show será no dia 24 de novembro
A competição terá três etapas
Cultura
Inscrições para o FESMORENA seguem abertas até o dia 26 de novembro
Foto: Marcelo Magalhães
Cultura
Selvíria receberá o Projeto Cine Petrobras gratuito

Mais Lidas

JD1TV: Jovem é morto a tiros após briga em festa no Centenário
Polícia
JD1TV: Jovem é morto a tiros após briga em festa no Centenário
A vítima faleceu ao lado da máquina de frangos
Polícia
Jovem é morto a tiros enquanto comprava frango assado para almoçar com a mãe na Capital
Samu
Polícia
Motociclista morre após invadir contramão e bater em carro na Ernesto Geisel
Prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes
Política
Formar equipe é primeiro desafio de Adriane para novo mandato