O secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, Maurício Simões, detalhou o plano do governo para desafogar os leitos da Santa Casa de Campo Grande, durante entrevista em que abordou a reorganização da rede hospitalar e os desafios da alta complexidade no Estado.
A estratégia envolve mudanças na gestão, criação de leitos de retaguarda e a utilização de modelos já existentes, como a Parceria Público-Privada (PPP) do Hospital Regional, apontada como possível referência.
Segundo Simões, o problema da superlotação da Santa Casa é estrutural e exige uma resposta integrada. “É um problema complexo, que passa por toda a arquitetura de saúde que a gente tem no município. Campo Grande era referência única para todo o Estado e nós temos poucas cidades com população acima de 100 mil habitantes, capazes de concentrar profissionais especializados para fazer o giro da alta complexidade”, afirmou.
O secretário destacou que a melhoria da gestão é um ponto central para mudar esse cenário. “É fundamental que a gente melhore a qualidade da gestão da Santa Casa, melhorando indicadores. Gestão hospitalar qualificada faz diferença direta na qualidade do atendimento e na segurança do paciente”, disse. Para ele, experiências como a PPP do Hospital Regional mostram que modelos profissionais de gestão podem gerar resultados positivos. “A privatização ou a parceria pode servir de exemplo de como entregar a gestão de um hospital de porte e alta complexidade a uma instituição profissional pode gerar diferencial na qualidade e na segurança do paciente”, afirmou.
Entre as medidas em estudo está a organização dos chamados leitos de retaguarda. A proposta é separar o atendimento de pacientes agudos e crônicos, evitando que casos de longa permanência ocupem vagas destinadas a atendimentos de urgência. “Estamos delineando o leito de retaguarda, para transferir pacientes crônicos e deixar o leito da Santa Casa aberto para paciente agudo. Hoje, muitas vezes, o paciente crônico ocupa um leito que deveria estar disponível para um caso agudo”, explicou.
Nesse contexto, o Hospital São Julião surge como peça estratégica. Simões revelou que já houve visita técnica recente à unidade. “Nós estivemos no São Julião na semana passada com a diretoria, delineando qual seria a expectativa da instituição e alinhando com a expectativa do Estado, dentro da mesma estrutura”, afirmou. A intenção, segundo ele, é avançar para a formalização de contratos o mais rapidamente possível. “A ideia é que, o mais breve possível, a gente possa contratualizar o São Julião como uma referência de retaguarda para os hospitais de alta complexidade”, completou.
O secretário também explicou a lógica do giro de leitos, essencial para reduzir a sobrecarga. “Um paciente no hospital de agudos fica, em média, de três a cinco dias, tirando os que ficam em terapia intensiva, que permanecem de nove a dez dias. A ideia é receber o paciente agudo, estabilizar em três a cinco dias, e então encaminhá-lo para um leito de retaguarda”, detalhou. Segundo Simões, após esse período, o paciente pode retornar ao hospital de referência apenas para consultas especializadas. “Isso libera o leito para quem realmente precisa, mas é fundamental manter esse giro de leitos funcionando”, concluiu.
Para o secretário, o desafio enfrentado pela Santa Casa reflete uma realidade nacional, agravada no período pós-pandemia.
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Pacientes da área verde aguardando encaminhamento (Sarah Chaves/JD1)



