O orgasmo feminino permanece sendo um mistério para a ciência e, embora as mulheres falem cada vez mais sobre seu prazer, raramente é mencionado em discussões coletivas sobre sexo e intimidade.
Karen Adriane, de 23 anos é proprietária do sexshop Sagrado Prazer e contou à reportagem do JD1 Notícias que optou em seguir nessa área pois ao longo de seus relacionamentos via que o prazer feminino parecia ser algo tão inalcançável e sem importância que decidiu que ia mudar isso.
“Desde os 18 anos sempre que eu queria comprar algo em sexshop era difícil encontrar aqui na cidade, na época e quando ia às lojas sentia o tabu das vendedoras ao falar sobre, sempre era algo meio que escondido. Então resolvi abrir uma loja online com o principal objetivo de ajudar a mulher a ter o orgasmo, claro, quando me dão abertura para falar sobre”, explica Karen.
Ela ainda afirma que a vergonha ainda existe, mas que é no primeiro momento, e que as mulheres precisam sentir o atendimento acolhedor pra poder “se soltar”. No entanto, ela acredita que esse preconceito em mulher falar abertamente sobre sexo já está sendo extinto. “Nós não aceitamos mais que nos taxem de “vadias” por sermos mulheres que falamos sobre sexo”, disse.
As amigas Cassia, Sara, Raquel e Lígia, optaram por abrir uma sexshop com o intuito de libertar mulheres. ”Nós vimos que é um assunto que entre nós 4 era muito comum, mas que ainda havia muito tabu entre nossas amigas e até nossos familiares. Para mim o ponta pé inicial foi quando conversando com a mãe de uma amiga minha ela me pediu ajuda para achar um vibrador pra ela, que ela tinha vergonha mas a ginecologista dela havia indicado para ela. Pensei, é isso nunca é tarde para quebrar esse tabu, para entender que autocuidado, autoconhecimento são necessários e que muitas vezes falta uma orientação uma ajuda para que está nesse processo”, explicou Cassia.
O que quem usa, diz -
Laryssa é cliente assídua de sexshop e ela conta que, casada há quatro anos, o relacionamento “melhorou muito” quando ela se permitiu sentir e falar sobre seu próprio prazer.
“Eu tinha muita vergonha, não sabia como funcionava nada e era extremamente constrangedor falar sobre isso com meu marido, estávamos em uma fase que deu uma esfriada [no relacionamento], foi então que começamos a investir nos acessórios eróticos e de fato deu um ‘up’ por estar fazendo algo novo”, revelou.
“Hoje em dia tenho um estoque enorme em casa. Eu nunca imaginei, porque antigamente eu morria de vergonha de passar na frente de um sexshop, como se ninguém transasse e fosse algo anormal”, completa Laryssa.
Sexóloga -
A sexóloga Karina Brum explica que as mulheres começaram a buscar o próprio prazer sexual por conta da facilidade do acesso à informação. “Acredito numa somatória de fatores, sendo: internet, acesso a conteúdo educativo, novelas, livros eróticos voltados ao público feminino. Cada dia que passa, as mulheres tomam consciência de que padrões de moda e beleza são irreais e feitos para fomentar o capitalismo patriarcal”, afirma.
Ela esclarece ainda que na parte clínica, a anorgasmia fisiológica representa uma % bem baixa. “A maioria esmagadora de mulheres que nunca vivenciaram um orgasmo está atrelada a vergonha do corpo, da total ausência da naturalização do sexo e da sua sexualidade. Sexo é comportamento, por isso pode ser aprendido e melhorado”, explica a sexóloga.
Pesquisa –
Em uma pesquisa realizada no ano de 2016, cerca de 40% das mulheres nunca haviam tido um orgasmo e isso nunca foi tratado diretamente como um problema, pois era deixado de lado tanto pelos homens quanto pelas mulheres.
Em 2021, uma pesquisa da CNN Brasil Business, mostrou que a busca por produtos eróticos cresceu em mais de 400% durante a quarentena, uma loja de sex shop voltada para o público feminino que opera online desde sua abertura em 2011, registrou um aumento de vendas de 475% comparando com o mesmo período do ano anterior.
De acordo com uma matéria do site Metrópoles, publicada em fevereiro de 2022, a procura pelos brinquedos sexuais cresceu cerca de 20% em mulheres com mais de 50 anos e essa estimativa vem crescendo a cada dia.
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