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Final de 'Avenida Brasil' na Argentina tem clima de Copa do Mundo

08 julho 2014 - 12h00Via G1
Se o Rio de Janeiro tem a Avenida Brasil, Buenos Aires tem a Avenida Panamericana. Boa parte dos milhares de argentinos que viajaram por terra ao Rio para torcer por uma final celeste e branca no Maracanã usou a via. Mas foi Buenos Aires que parou antes, como num último dia de Copa do Mundo, para assistir a um final: o de "Avenida Brasil", a novela brasileira.

O último capítulo da novela, exibido nessa segunda-feira (07), teve cara de final de campeonato, mas sem rivalidade. Argentinos e brasileiros até torceram pelo mesmo time: o Divino Futebol Clube, campeão de audiência no país. O "Gran final", conforme a chamada do canal Telefé, bateu 28 pontos de audiência, um número considerado elevado para a TV aberta argentina. Para se ter uma noção, com uma média de 20,5 pontos (picos de 25,5), "Avenida Brasil" superou o concorrente "Show Match", antes histórico líder de audiência.

No miniestádio do Luna Park em Buenos Aires, a seleção brasileira foi representada por Leleco (Marcos Caruso), Carlitos (Alexandre Borges, que na versão original se chama Cadinho), Lucinda (Vera Holtz) e, claro, a dupla goleadora Nina (Débora Falabella) e Jorgito (Cauã Reymond, Jorginho, no original), este último mais popular entre as argentinas do que Pelé, Maradona, Neymar e Messi juntos.

"Jorgito! Jorgito!", gritavam incansavelmente as fãs-torcedoras num típico coro de arquibancada. As cantigas de alento da torcida foram substituídas pelas canções da novela. E as bandeiras, pelos cartazes com o rosto do artilheiro Jorgito.

Ao descer do automóvel e antes de desfilar pelo tapete vermelho como numa entrega de Oscar com um só ganhador, o ator Alexandre Borges foi o primeiro a correr para os braços da torcida. "Carlitos, casate conmigo!", gritou Julieta Santirana, de 22 anos, mesmo sabendo que o personagem da novela já tinha três mulheres.

Quando finalmente foi a vez de Cauã Reymond e Débora Falabella, ou Jorgito e Nina, descerem do carro juntos, a "avenidabrasilmania" explodiu como num gol aos 45 minutos do segundo tempo. Eram mais de 22h, o momento mais esperado pela torcida que tinha começado a lotar o estádio três horas antes.

"Sou de Casanova, duas horas de viagem daqui. Vim de ônibus. Estou desde cedo. Volto de ônibus na hora que for necessário só para ver o Jorgito", disse Viviana Olmos, de 31 anos. Cabeleireira, Viviana conta que no seu salão todas as clientes estão apaixonadas pelo galã. "Estou feliz. Eu o vi", define-se satisfeita mesmo sob a temperatura de nove graus.

O tapete vermelho que "Nina e Jorgito" percorreram juntos desemboca em seis mil fãs ansiosos. O palco do Luna Park, outrora templo do boxe e de célebres shows do rock argentino, foi transformado numa espécie de sala de estar cercada de fanáticos por todos os lados. O apresentador Marley, famoso pela sua espontaneidade – uma característica também das personagens de "Avenida Brasil" – entrevistou um a um os atores brasileiros. A última entrevista com Jorgito bem podia ter sido ao redor da mesa da casa de Tifón (Murilo Benício), dada a quantidade de interrupções pelos gritos das torcedoras de todas as idades.

A família Sapienza é um bom exemplo. De Lanús, periferia ao Sul de Buenos Aires, Mari, de 72 anos, veio com a filha Eliana, de 32 anos, e com a neta Julieta, de 12. A avó não perdeu um só capítulo da novela. Via até as repetições da semana toda aos sábados. O surpreendente é que ela nunca foi de assistir às novelas.

"Não me lembro de ter visto uma novela assim. A minha filha insistiu muito. Comecei a ver e não consegui parar. É realmente muito boa", afirma. "Nunca vejo novelas estrangeiras, mas quando vi a beleza do Jorgito, quis ver esta. Depois gostei demais da trama e da interpretação dos atores. Não pude parar", confessa Eliana.

Com tanta popularidade, Cauã Reymond  disse que ficaria mais algumas horas em Buenos Aires para gravar uma entrevista e para estudar uma proposta no cinema argentino.

"Recebi um convite para um filme e vamos encontrar algumas pessoas aqui depois da novela. Vamos estudar. Tenho muita vontade. Sou muito fã do cinema argentino. Acho que o cinema argentino é o melhor da América Latina hoje em dia", revelou.

"Quando 'Avenida Brasil' terminou no Brasil, o vazio que ficou nas ruas também ficou nos nossos corações", compara Marcos Caruso, o Leleco. "As pessoas diziam que se sentiam órfãs de Avenida Brasil. E amanhã (por hoje) também haverá muitos orfãos em Buenos Aires", acredita Vera Holtz. Nem tanto assim. O canal de TV por assinatura Magazine começa a reprisar "Avenida Brasil" nos próximos dias.

Divino Futebol Clube x Argentina
"Até se fosse o Divino Futebol Clube contra a seleção argentina, ganharia o Divino", aposta Caruso. A possibilidade de uma inédita final entre Brasil e Argentina sobrevoou a presença dos atores de "Avenida Brasil" em Buenos Aires na reta final da Copa do Mundo como representantes brasileiros, mas, ao mesmo tempo, próximos por afeto do público argentino.

Um jornalista argentino fez um pedido que lhe parecia justo: "Assim como 'Avenida Brasil' ganhou na Argentina, seria bom a Argentina ganhar o Mundial no Brasil". O ator Alexandre Borges, o Cadinho, tentou espalmar o chute. "Tomara que realmente a final seja entre Argentina e Brasil. Seria lindo".

Outro jornalista argentino foi além. Entregou quatro camisas da seleção argentina, especialmente confeccionadas com os nomes das personagens de Avenida Brasil em espanhol: Lucinda, Leleco, Carlitos e Jorgito. E ainda pediu para os atores vestirem a camisa argentina caso as duas seleções passem das semifinais. "Aí você já está querendo demais", defendeu Borges, enquanto os demais atores riam com a criatividade dos argentinos.

Uma jornalista da Costa Rica pediu uma mensagem para os telespectadores do país, onde "Avenida Brasil" também é exibida com sucesso e vai terminar daqui a três semanas. "Fico muito feliz pela seleção de vocês que foi muito bem no Mundial. Parabéns!", respondeu Cauã Reymond enquanto Marcos Caruso aplaudia a surpresa do Mundial.

Vera Holtz comparou o final de "Avenida Brasil", no Brasil, com um jogo de final do campeonato. "Realmente a 'Avenida Brasil', a última noite, o último capítulo, a gente tinha a sensação de uma seleção brasileira em final de uma Copa do Mundo. Não havia ninguém na rua", relembra. "E contra a Argentina!", completou Cauã.

Caruso quis apostar pela irmandade regional e pelo convívio pacífico: "É muito prazeroso quando nós recebemos vocês no Brasil. É emocionante ver Copacabana lotada de argentinos pacificamente convivendo num Mundial". E que a arte une os povos: "Fazermos o sucesso que estamos fazendo aqui – é muito bom saber que nós somos irmãos, que nós somos dois povos que têm as suas diferenças, mas que, na arte, nós nos entendemos. E nós conseguimos como brasileiros emocionar e fazer divertir os nossos irmãos argentinos. Isso para nós é um presente que não tem preço", garante.

Mas quando o assunto sai da arte e vai ao gramado, a rivalidade vem à tona. "Tudo termina quando chega ao futebol. No futebol, eu sou bastante brasileiro. Respeito a equipe argentina como uma das melhores seleções do mundo, mas eu continuo torcendo pelo Brasil", admitiu ao G1. E, quando perguntado quem ganharia se fosse o Divino contra a seleção argentina, a resposta veio como um chute de David Luiz do meio de campo: "O Divino", dispara entre risos.

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