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Cultura

História de sargento vítima da ditadura militar é contada em livro

14 agosto 2016 - 10h54Agência Brasil
Dr Canela

Em março de 1966, o sargento Manoel Raymundo Soares foi capturado por militares quando planejava distribuir panfletos contra a presença do marechal Humberto Castelo Branco, em Porto Alegre. Após sofrer torturas para que entregasse seus companheiros de resistência, foi enviado à Ilha do Presídio, também na capital gaúcha, onde acabou sendo assassinado.

A história de Manoel foi transformada em livro pelo escritor e jornalista Rafael Guimaraens. A obra "O Sargento, o Marechal e o Faquir" foi lançada na sexta-feira (12) à noite, em Porto Alegre, em evento que teve a presença do coordenador da Comissão Estadual da Verdade gaúcha, Carlos Frederico Guazzelli, e de Suzana Lisbôa, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Ao público presente, o autor e os convidados contaram detalhes sobre a história do sargento, que ficou conhecida como o "Caso das Mãos Amarradas" — devido ao fato de o corpo da vítima ter sido encontrado dessa forma no rio Guaíba por pessoas que pescavam naquelas águas. O caso completa 50 anos. Segundo Guimaraens, Manoel foi a primeira vítima fatal da repressão desencadeada após o golpe de 1964. As investigações da polícia, à época, responsabilizaram o DOPS gaúcho pelo crime; no entanto, somente 30 anos depois a viúva conseguiu responsabilizar a União pela morte do sargento.

“Esse assunto tomou uma outra dimensão para mim, na medida em que eu fui conhecendo a trajetória de Manoel e fui me deparando com um personagem extraordinário, com todas as qualidades para ser tratado como um herói brasileiro”, afirmou o autor. Guimaraens contou que teve acesso às cartas que o sargento enviou à esposa Elizabeth na época em que estava encarcerado na Ilha do Presídio. As cartas reafirmavam o amor dele pela mulher e denunciavam a ilegalidade da sua prisão.

O título da obra faz referência a três personagens que ditam o ritmo do livro: o sargento Manoel Raymundo Soares, protagonista da história; o marechal Humberto Castelo Branco, primeiro presidente do regime militar; e o ex-faquir Edu Rodrigues, que traiu Manoel e o denunciou para os militares, causando a sua prisão.

Para Carlos Frederico Guazzelli, a história de Manoel é uma prova de que a ditadura militar foi violenta desde os primeiros anos de regime. “O caso das mãos amarradas é essencial para mostrar que eles já tinham salas especiais para tortura, já torturavam com pau-de-arara, já tinham uma rede de informantes para a repressão dos trabalhistas ligados ao governo derrubado”, ressaltou o coordenador da Comissão Estadual da Verdade.

A outra convidada da noite, Suzana Lisbôa, contou ter "devorado" o livro de Guimaraens. A integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos é viúva de Luiz Eurico Tejera Lisbôa, também vítima dos anos de chumbo e que desapareceu em 1972. O corpo de Luiz Eurico foi encontrado apenas em 1979, em um cemitério da cidade de São Paulo.

“Quando a ditadura matou, ela quis sepultar, inclusive, a história de cada um. Por isso é tão importante resgatar a vida dessas pessoas, contar como elas eram, trazer a humanidade e a grandeza delas. E, principalmente, mostrar a impunidade dos crimes cometidos naquele período”, sublinhou Suzana.

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