"Das seis sedes da Copa do Mundo de 1950, por incrível que pareça, Curitiba foi a mais tranquila. O estádio da Vila Capanema foi construído em 1947, não para a Copa do Mundo, e não foi feito nada especificamente para o evento", relatou Diego Salgado, jornalista e historiador, que foi um dos autores do livro "1950 – o preço de uma Copa" (editora Letras do Brasil).
O Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 1950 num momento em que o planeta ainda sofria os efeitos decorrentes da Segunda Guerra Mundial. Candidato único, o país foi ratificado em 1946 como organizador do evento esportivo.
Disputada por 13 seleções, a Copa do Mundo de 1950 foi distribuída em seis sedes (Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo). Essa lista, porém, só começou a ser oficializada a menos de um ano do evento.
Recife, por exemplo, foi escolhida a menos de 60 dias do início da Copa do Mundo. A sede da cidade foi a Ilha do Retiro, estádio do Sport, que foi reformada e recebeu apenas um jogo da competição.
É fundamental lembrar que a lista de exigências da Fifa para cidades que sediaram jogos da Copa do Mundo de 1950 era incomparavelmente menor do que a atual. Os requisitos eram apenas estádios com 20 mil lugares, alambrados, cabines de imprensa, tribunas e túneis que ligassem vestiários ao gramado.
Com outro "padrão Fifa", o Brasil pôde postergar a decisão sobre as cidades que receberiam os jogos. O sorteio dos grupos foi realizado no dia 22 de maio de 1950, e nessa época ainda não havia uma definição sobre as sedes das partidas.
"Não dá nem para falarmos em atraso porque as sedes foram definidas em cima da hora. A situação de 1950 é diferente da atual porque as sedes daquele ano foram definidas às vésperas da Copa", explicou Salgado.
A obra de Salgado, feita em parceria com Beatriz Farrugia, Gustavo Zucchi e Murilo Ximenez, foi concebida inicialmente como trabalho de conclusão de curso na faculdade de jornalismo. Um levantamento feito por eles indicou que o Brasil gastou um total de R$ 500 milhões para fazer a Copa do Mundo de 1950.
"Como os requisitos da Fifa eram poucos, foi tranquilo fazer as obras na última hora", disse Salgado.
Ainda assim, o Brasil não escapou de problemas. O Pacaembu, inaugurado em 1940, era um exemplo de estádio pronto com antecedência. Em vistoria realizada no dia 1º de junho de 1950, porém, a Fifa percebeu que o gramado e a área de imprensa não tinham as dimensões mínimas exigidas pela entidade. Uma reforma de última hora precisou ser feita.
O caso de Belo Horizonte foi ainda pior. A cidade apostou em um novo estádio – o Independência, que foi construído para a Copa do Mundo –, e no dia 6 de junho de 1950 o Governo de Minas Gerais chegou a anunciar que a cidade seria alijada do evento.
"Mas eu acho que foi mais um jogo de cena. Belo Horizonte teve um estádio construído para a Copa do Mundo, e esse estádio era importante para a cidade. O Campeonato Mineiro de 1947 tinha tido problemas de superlotação. Havia uma pressão de Juiz de Fora e Campinas, cidades que também pleiteavam o direito de receber jogos, mas era outro cenário", comparou Salgado.
O gasto do Brasil com estádios para a Copa do Mundo de 2014 já passou de R$ 8,055 bilhões. O país foi novamente candidato único a receber o evento, e a definição do local como sede aconteceu em 2007. Cinco estádios ainda não estão prontos (Cuiabá, Curitiba, Manaus, Porto Alegre e São Paulo), e a situação da capital paranaense é a mais dramática.
Outros problemas com sedes
Na história da Copa do Mundo, contudo, os atrasos do Brasil em 1950 não são exclusividade. Em 2010, o estádio Soccer City, de Johanesburgo, que recebeu a abertura e a decisão do torneio da África do Sul, ainda passava por ajustes uma semana antes da primeira partida do evento.
No entanto, o caso mais grave nesse sentido foi registrado na Copa do Mundo de 1986. A Colômbia havia conseguido em 1974 o direito de sediar o evento, mas não apresentou garantias financeiras necessárias. Em 1982, a Fifa decidiu fazer nova concorrência pela organização do torneio. Em maio do ano seguinte, a entidade anunciou que o México havia vencido por unanimidade o pleito contra Canadá e Estados Unidos.
A história quase se repetiu em 2014. E não com o Brasil, diga-se. A Fifa escolheu a Costa Rica como sede do Mundial feminino sub-17 organizado pela entidade, mas o país estourou todos os cronogramas de obras para o evento.
Em 2013, segundo o site Inside Football, a Fifa chegou a desistir de levar o evento ao país. De acordo com o portal, a entidade começou a buscar alternativas à realização do evento na Costa Rica.
Em março do mesmo ano, em congresso técnico realizado em Zurique (Suíça), a Fifa ratificou a Costa Rica como sede do Mundial. O início do evento está previsto para o dia 15 de março deste ano, e o Brasil não vai participar – os representantes da Ámerica do Sul são Colômbia, Paraguai e Venezuela.Reportar Erro
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