O pediatra e especialista em saúde pública, Eduardo Marcondes, considera precipitada a possibilidade de retorno, no início de setembro, das aulas presenciais nas escolas da rede pública de ensino de Mato Grosso do Sul. O médico que também já comandou a saúde em Dourados faz varias ponderações reforçando sua visão de que a volta das aulas presenciais, notadamente nas creches e na rede como um todo, pode ocasionar uma “explosão” de surtos da Covid-19.
Para Marcondes a “escola tem a missão de planejar esse retorno, mas não sozinha”. Ele defende que haja “ intersetorialidade” para desenvolver um plano político/pedagógico de volta às aulas viável e seguro. “Em especial se tratando de escolas, onde o comportamento é imprevisível e o número de assintomáticos é inestimável, a possibilidade de contágio é exponencial. Uma possível volta nesse momento, quando se vislumbra que o pico da pandemia deve ser dar nos próximos quinze dias, vai refletir daqui a três ou quatro semanas no aumento ainda mais expressivo dos casos”, alertou.
Marcondes ainda ressalta que as crianças têm menos pré-disposição a apresentar sintomas, por isso a entrada delas nas escolas pode trazer um risco maior a quem está lidando com elas. De 70% a 80% das crianças infectadas evoluem de forma assintomática ou com sintomas leves, como se fosse um resfriado comum. Antes se pensava que as crianças transmitiam menos a Covid-19 do que outros pacientes. A evolução do conhecimento sobre a doença mostrou que as crianças transmitem tanto quanto os adultos. Inclusive já houve óbitos de bebês com Covid-19.
A superlotação das classes e falta de estrutura são problemas, segundo o médico, históricos da educação brasileira que podem se agravar com o retorno às aulas. Por outro lado, Marcondes alerta que além fato de os pais não poderem colaborar com a mediação da educação dos filhos, algo que o ensino remoto exige, muitos não têm com quem deixar as crianças. O fato aumenta a pressão da volta às aulas presenciais antes da epidemia ser controlada.
“O importante é professores, estudantes, pais e demais membros da comunidade seguros e vivos. A reabertura das escolas não precisa ser de uma hora para a outra. Há tempo para elaborar com cuidado a retomada e sobretudo entender como voltar”, afirma o pediatra que emenda ser ideal que as aulas permaneçam suspensas por segurança. Para ele, a volta deve estar baseada no controle dos casos da doença em cada região, segundo avaliação sobre a transmissão local do vírus e de possíveis novas ondas da pandemia.
Reportar ErroDeixe seu Comentário
Leia Também

Casa Rosa realiza último mutirão de saúde do ano neste sábado no Tijuca

Capital oferece Implanon gratuito no SUS para mulheres de 18 a 49 anos

"Iminente colapso", diz Defensoria em alerta sobre a saúde pública de Campo Grande

Campanha Dezembro Laranja mobiliza ação gratuita contra o câncer de pele na Capital

Estado amplia imunização com 10 'vacimóveis' que atenderão áreas de difícil acesso

Dia D levará vacinação, exames e atendimentos de graça no Bioparque neste sábado

Última edição do 'Dia E' promete mais de 250 atendimentos no Hospital Universitário

Conselho pede providências de atendimentos suspensos em 29 unidades na Capital

Desabastecimento de medicamentos essenciais coloca saúde da população em risco, alerta CRM


O pediatra e especialista em saúde pública, Eduardo Marcondes (Reprodução/Internet)



